domingo, 18 de dezembro de 2011

as crueldades de cada dia

sou advogada e atuo na área penal. sou advogada e meu papel não se limita à defesa dos direitos de outros. antes disso persigo a justiça. sou contra o arbítrio, o pré-julgamento, contra qualquer tipo de execução sumária. respeito a constituição e o estado democrático de direito. luto por isso e vou morrer lutando.

mas sou humana, antes de tudo. e também me enojo. e também me revolto contra qualquer tipo de barbárie. e não me refiro ao crime comum e com o qual eu, como advogada, convivo em meu dia a dia profissional. embora todo tipo de crime, o patrimonial, especialmente, seja responsável pela crescente intranquilidade social, tenho convicção de que, para crime assim, existe tipificação, condenação e pena adequada. existe justiça.

o que me dá ânsia, me provoca náuseas, é a barbárie do homem comum, do homem de bem (?), é a barbárie subterrânea, entre quatro paredes, e inviolável. (sim, porque na minha casa ninguém entra, ninguém sabe o que faço, nem do que sou capaz de fazer). e sob o sagrado manto da inviolabilidade, sigo fazendo o que quero, sigo espancando e matando meu cão, agredindo meu filho, desrespeitado meus pais idosos, acessando a internet e difamando pessoas. e, lá fora, sou mulher e homem de bem, carrego meus apetrechos, minha bíblia, mantenho meu nome limpo, sou funcionário exemplar. sou do bem.

e. lá fora, existe alguém que sabe de mim, que coleciona meus atos de crueldade através de uma câmera, mas que prefere brincar e acha bonito publicar meus atos em redes sociais, e acha legal ver os contadores de acessos rodarem enlouquecidamente. existe alguém sim, sem nenhum compromisso com a vida alheia, sem nenhuma noção entre certo e errado.

e existimos nós, homens e mulheres de bem, que seguimos tranquilamente nossas vidas, sem nos darmos conta de que, ao lado, bem próximas, criaturas sofrem entre quatro invioláveis paredes, e que nossos ouvidos somente escutarão o que nos dará prazer e nossos olhos somente enxergarão aquilo que não incomodará.

existimos e isso me dá náuseas.

mariza lourenço

[imagem Digital Vision]

domingo, 4 de dezembro de 2011

acerca de futebol... *;)

Vai que é sua, papai!


Quando o irmão nasceu penduraram um par de chuteiras e uma camisa do Palmeiras na porta do quarto. A menina ficou preocupada. O Palmeiras era o time do coração do pai e isso só podia significar uma coisa: ela acabara de perder o trono para um gorducho feio, careca e desdentado. Até chaveiros com as cores do time foram distribuídos na maternidade. Enquanto, no berço, o gorducho arrotava e dormia o sono dos inocentes, um papai orgulhoso traçava planos para a primeira visita de ambos ao Parque Antártica. Que fossem felizes para sempre!, pensou a menina, com vontade de arrumar as malas.


A vida, assim como o futebol, revelou-se, nos anos seguintes, uma bela "caixinha de surpresas". Para decepção do pai, o bebê cresceu caído de amores por outro time e passava os dias cantando estridentemente: Clube Atlético Mineiro, galo forte, vingador!. Não restou, então, ao pai, outra saída senão conformar-se com a companhia da filha para assistir às partidas de futebol. A menina, sempre muito quietinha, sentava-se no sofá ao lado do pai e, de vez em quando, perguntava:


- Pai, o que é zaga? Tava impedido por quê, pai? Foi falta, pai? Pai, onde fica a grande área? E a pequena?


A maioria das perguntas, ela as fazia para merecer um tico de atenção que fosse daquele homem sério. Durante toda a vida sentou-se ao lado dele para, juntos, assistirem ao futebol e, durante toda a vida, repetiu as mesmas perguntas bobas. Nunca fez questão de saber se fulano estava na linha de impedimento no momento do gol, porque se o pai lhe dizia que não estava ela acreditava.


Trinta anos depois, a cena, como num filme, se repetia, só que desta vez com sabor de antecipada saudade. O pai estava morrendo e o time do coração nunca estivera tão mal colocado num campeonato brasileiro.


Ela falou baixinho:


- Ih, pai, este ano nosso time... Sei não.


Ele a olhou daquele jeito condescendente de quem diz "você continua não entendendo nada de futebol, mas eu te amo..."


Com um gesto de mão pediu que a menina desligasse a TV. A partida ainda não havia terminado, mas ele já estava na prorrogação, com o tempo esgotado e cansado de jogar.


Morreu no dia seguinte, desconhecendo se o time levaria, ou não, o título aquele ano. Não levou.


E a menina?


A menina quase morreu de dor, mas aprendeu com o tempo que, independente do lugar para onde tenha ido o companheirão, seu pai, como se diz no jargão futebolístico, já entrou marcando gol de placa. Grande jogador que havia sido nos campos da vida.


mariza lourenço
[imagem Ekaterina Nosenko]

terça-feira, 22 de novembro de 2011

zapeando

Stella

Se existe uma despesa da qual não abro mão é o pagamento mensal de minha tv por assinatura, muitos dos filmes que passam no circuito estrangeiro e alternativo e que eu não consigo assistir, invariavelmente chegam às telas através da tv paga.

Gravo todos e me programo para assisti-los aos finais de semana, o que me rende momentos de muita diversão e aprendizado, porque é fora dos grandes circuitos dos filmes comerciais que garimpamos verdadeiras jóias culturais, assim entendidas por outras línguas, outros costumes e gente interessantíssima.

Semanas atrás me prendeu a atenção, do começo ao fim, um belíssimo e delicado filme francês, cujo título leva o nome da protagonista, uma menina transitando entre a pré-adolescência e a adolescência. E não, não se trata de mais um daqueles filmes escolares, com cenários em shoppings e lanchonetes, entre baladinhas e celulares. A década é a de 70, com pôster de Alain Delon pregado na parede do quarto da protagonista e músicas francesas gostosíssimas.

Stella é uma menina em adequação, mutante, como todas de sua idade e sua (aparente, vejam bem) rebeldia faz um contraponto interessante à rigidez do colégio em que estuda. Mas Stella é, também, surpreendentemente madura ao lidar com os frequentadores do bar meia-boca de propriedade de seus pais, um casal maluco e passional.

Stella é uma garota deliciosa que ganha força com a interpretação da atriz Léora Bárbara; aliás, o elenco todo é ótimo, com destaque para o ator Guillaume Depardieu, morto precocemente aos 37 anos, um mês antes da estréia de Stella. Guillaume, nesse filme, interpreta um dos frequentadores do bar e dispensa à menina um tratamento carinhoso, quase paternal, bonito de ver. Ressalte-se que o bar e seus frequentadores poderiam compor perfeitamente um outro filme, mas é nesse que estão, e tá tudo bem, porque tudo se integra em rica harmonia.

Destaque à parte e, primordial, em minha opinião, é a direção competente de Sylvie Verheyde, responsável também pelo roteiro. Falar nisso, Stella é a Sylvie garota.

E mais eu não conto pra não correr o risco de estragar as deliciosas andanças da protagonista, que perambula o tempo todo entre a vontade de ser aceita e as descobertas comoventes que, suponho, acabaram por transformar definitivamente sua vida.

Portanto, para quem quiser assistir, fica aí a dica de um excelente filme.

Ficha técnica:
Título original: (Stella)
Lançamento: 2008 (França)
Direção: Sylvie Verheyde
Atores: Léora Barbara, Mélissa Rodriguez, Laëtitia Guerard, Karole Rocher.
Duração: 103 min
Gênero: Drama



mariza lourenço

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A herança maldita


Lupi e suas mentiras descabidas   
Por Antonio Siqueira


MENTIROSO
 



















O Ministro do Trabalho, Carlos Lupi é um  retrato fiel do pós chaguismo e da vida do Brasil  da Era Lula; Resolvendo ou não suas questões à bala, Lupi é mentiroso.

Lupi mentiu na semana passada ao dizer que não conhece o gaúcho Adair Meira, dono de três ONGs que têm contratos milionários com a pasta. Conforme revelo VEJA,  Adair providenciou um avião King Air, de prefixo PT-ONJ, para que Lupi cumprisse uma agenda oficial em sete municípios do Maranhão, em dezembro de 2009.

No sábado, numa tentativa de reagir ao fato revelado por VEJA, Lupi não só ratificou a mentira como decidiu ampliá-la, num comunicado divulgado a toda a população. No texto, Lupi afirma que viajou pelo estado a bordo apenas de aviões Sêneca, providenciados por dirigentes do PDT.

Chegou a divulgar fotos dessas aeronaves em aeroportos do interior rodeadas de populares. As fotos não provam que Lupi desembarcou ou embarcou sempre em Sêneca. Nem poderiam. Fotos divulgadas hoje pelo portal www.grajaudefato.com.br mostram o ministro desembarcando no município de Grajaú justamente no King Air providenciado por Adair Meira.

E não apenas Lupi, como também o ex-secretário de Políticas Públicas de emprego do Ministério Ezequiel Nascimento. Ezequiel foi quem contou a VEJA que coube a Meira, dono das ONGs que fraudaram o governo, a pagar o tour maranhense de Lupi. Abaixo, as fotos que derrubam a farsa do ministro.

O PDT já se movimenta. O debate fértil gira agora, em torno, do nome que será indicado no pleito de substituição do comando da pasta. O Partido dos Trabalhadores, retentor do comando da pasta durante o primeiro governo de Lula, demonstrou interesse em indicar o próximo ministro. As últimas informações apontam que a insistência republicana do Partido Democrático Trabalhista (PDT) de manter consigo o comando da pasta, já pontuou os três nomes mais solicitados para a substituição de Carlos Lupi. São eles André Figueiredo (PDT/CE), Brizola Neto (PDT/RJ) e João Dado (PDT/SP); todos farinha da mesma mandioca, diga-se aqui, doa a quem doer. Fisiologismo de carreira a serviço da herança maldita deixada para Dilma Roussef.





O desmentido








sábado, 8 de outubro de 2011

Denunciar a violência já é um ótimo começo


A reação só acontece se houver ação

   Por Antonio Siqueira
   Do Rio de Janeiro



@image_Steve McCurry





    








     
      Muito se fala sobre a campanha do Dia das Crianças da Rede Social de Mark Zuckerberg, o disputado Facebook. Especulou-se de tudo um pouco, inclusive que seria um plano que partiu de um possível grupo de pedófilos que freqüentam a rede para ‘sei lá o quê’; Boataria que não surpreende numa rede com mais de 400 milhões de usuários em interatividade direta. A verdade é que em 24 horas, 100 mil pessoas mudaram suas fotos do avatar por um personagem de desenho animado para aderir a uma campanha contra a violência infantil. A ação foi lançada pelo blog Insoonia e apoiada pela empresa de marketing O Melhor da Vida, e pede que usuários da rede social troquem seu perfil pela imagem de um personagem de desenho animado ou de história em quadrinhos. A idéia é manter a nova foto até o Dia das Crianças. Eu, como todo escriba louco que se preze, tenho Facebook e o meu Cascão, o popular personagem malandríssimo e que não gosta de banho do genial Mauricio de Souza, está lá lépido e fagueiro.

      A iniciativa é muito nobre, apesar de partir de empresários que exploram o que podem e o que não podem da doença consumista do cidadão moderno. É um protesto pacífico e que traz um bom astral que não tem preço. Porém, é preciso muito mais do que uma campanha plantada no coração do capitalismo digital. Dezoito mil crianças são vítimas de violência doméstica por dia só no Brasil, segundo os velhos dados mal contados da UNICEF. A UNESCO apresenta dados idênticos, mas no meu caso, fica difícil confiar em uma instituição que emprega embaixadores como Renato Aragão, ou Didi Mocó, ou seja, lá o que for. Ainda o incumbem de arrecadar dinheiro para causas que mal servem como paliativo numa situação quase terminal. E associar a imagem deste cidadão global a dinheiro é como incumbir à raposa a função de cuidar do galinheiro. Como tudo neste país, diga-se de passagem. E não é somente sentado à frente de seu computador e se enchendo de refrigerante, comendo muito bem e engordando que você mudará algo.

      Criamos o monstro para que nossos desejos vaidosos se façam presentes e realizados; depois doamos 10 Reais inclusos na conta telefônica e que tenhamos uma noite tranqüila de sono e a próxima missa de domingo. Não preciso ir muito longe e nem sair da minha varanda, onde manuscrevi este artigo, para detectar a miséria e a carência infanto-juvenil; E como achamos tudo isso muito normal em pleno século XXI, não é mesmo? Crianças que deveriam estar estudando, trabalhando nas piores condições, exploradas por comerciantes que denuncio há algum tempo, mas que vêem a impunidade como alicerce seguro para esse crime bárbaro. Crianças mendigando nos sinais de transito, nos restaurantes que neste bairro não são poucos. O Brasil e principalmente, o Rio de Janeiro, transformaram-se num gerador descontrolado de criminosos comuns. O sucateamento da educação foi o principal agente corrosivo que provocou esta tragédia gigantesca, isso aliado à pobreza e a miséria das regiões de periferia é como uma ogiva de destruição incalculável.  E a definição de Pobreza é simples: significa não ter casa decente nem roupas limpas. Pobreza significa não ter água limpa para beber nem comida boa para comer. Pobreza significa não ter escola, hospital, nem médico. Um gigantesco portal escancarado para que o narcotráfico adote esses menores miseráveis e as transformem em milhões de vidas marcadas para morrer. Morrem nesse combate de um lado ou de outro nas fronteiras invisíveis que demarcam todas as ruas, mas, principalmente, pelos becos das favelas. Esses pequenos seres, quando sobrevivem, perdem pedaços, membros... Perdem a alma.

      Discute-se muito mais a pena de morte e a maioridade penal do que a recuperação da infância e da adolescência e, conseqüentemente, de uma nova sociedade Os parlamentares bisonhos que não acreditam na educação e no potencial humano ressuscitam no Congresso algumas dessas bombas: Propostas de endurecimento de penas para jovens em conflito com a lei, incluindo o clichê da redução da idade de responsabilização penal. Rebaixar a idade parece solução, mas é gasolina no fogo: Se o crime organizado busca menores de 18 anos para suas fileiras porque a lei é para eles “menos dura, mais educativa”, ao rebaixar a idade de responsabilidade penal os jovens que serão atraídos ao crime serão os ainda mais jovens. E numa sociedade viciada em consumo de grifes e modismos catatônicos, o monstro tende a devorar tudo que estiver em volta e a essa guerra carregada de equívocos será sempre uma sucessão de batalhas inglórias.

      Mas não se deve esperar nada do Governo, seja ele qual for, neste Brasil falido sócio-culturalmente e desigual em todos os seguimentos sociais e econômicos. Principalmente no que concerne à educação e cultura para o seu filho ou qualquer criança. É possível sim, despertar nestas mesmas crianças o hábito da leitura tirando proveito de todos os milhares de títulos que existem nas prateleiras e da necessidade de ampliar os horizontes dos pequenos com uma literatura livre das amarras da super proteção e do mundo apenas para consumo. E proteger essas crianças de qualquer adulto opressor, denunciar o seu vizinho que espanca o filho e violenta a mãe dele já é um bom começo. Depois iremos todos comemorar com personagens de histórias em quadrinhos e desenhos da TV, não importando se querem nos vender e empurrar mais lixo mercantilista goela a baixo. O consumismo sempre haverá de existir, até que os últimos seres humanos devorem a ultima maçã e bebam o ultimo gole d’água, a morte um dia chega para todos. Que Deus salve as nossas crianças e que o ajudemos a cuidar para que momentos como o registro desta foto do genial fotógrafo Steve McCurry, sejam cada vez mais raros.


Fontes:    Issoonia Blog         UNESCO             Time Magazine


Imagem: Steve McCurry, o mesmo reporter que fotografou a menina afegã que foi capa da Revista Time.



* Antonio Siqueira é articulista, musico e critico de arte





 


DISQUE DENUNCIA:

Rio: (21) 2253-1177
SP: (11) 6224-3040 ou 0800-156315
Bahia: 0800-71 01 90
BH: 0800 770 3035
ES: (27) 3222-8144;
Goias: (62)271-7000 e por aí vai...
 

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Separatismo

Sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra.
               Por Luis Junior - de São Paulo


Bem
após algum tempo sem escrever vou aproveitar para falar do feriado de 20 de Setembro. O mais importante feriado em minha opinião (deveria inclusive ser feriado Mundial).

Ironias a parte, irei montar um breve resumo da política da época no Brasil Império.

Mas o certo é que se deve muito ao sul do país se hoje vivemos em um modelo parecido com o democrático.

Morando praticamente há um ano em São Paulo, vejo aqui o povo como no Rio de Janeiro, que se esqueceu de suas raízes, sua cultura e extremamente acomodado e submisso, como por exemplo na questão de impostos em que apenas em setembro chegou a quase 1 trilhão e meio de reais, mas quase nada disso é investido em educação, saúde e moradia. Gostaria muito de saber dos nossos governantes para onde vai esse montante. Isso tem criado um vácuo sócio-educacional que não vejo como reverter o quadro nos próximos anos. O que choca é a falta de indignação do povo, não totalmente, pois ainda existe um ou outro movimento, mesmo que timidamente, que tenta mostrar à população o que tem acontecido (Anonymous).

Grande parte desta letargia na sociedade é culpa do PT, pois este dito partido de “esquerda” chegou ao poder?! Por meio da indignação da população com o descaso da “direita”. Hoje em dia sinceramente o conceito de esquerda e direita não pode mais ser aplicado no Brasil, haja vista que se formos analisar o PT e o PSDB não saberíamos dizer quem é quem... E os partidos que deveriam assumir a posição de esquerda, estão mais preocupados em brigar futilmente para descobrir quem é mais esquerda que o outro (PCO e PSTU). Do PCdoB não cabe nem falar, afinal um partido que apoiou o FHC e está em todos os governos (dinheiro do povo para o partido, comércio de carteirinhas estudantis e outras políticas nada comunistas). 

Mas vou deixar este assunto de definições políticas para outra postagem.

Na semana de 12 à 20 de setembro é comemorado no Rio Grande do Sul a semana farroupilha, uma celebração do período de 10 anos que o RS ficou como uma republica independente e democrática. Sem interferências externas vinda do Brasil. 

Na década de 1830, os estancieiros do Estado do Rio Grande do Sul viviam uma grave situação econômica. Seu principal produto, o charque (carne-seca), cuja maioria da produção era destinada ao abastecimento do mercado interno brasileiro (particularmente à classe média brasileira que se formava com a exploração de metais preciosos nas Minas Gerais), sofria forte concorrência externa. A carne-seca argentina e uruguaia não era tributada na importação e ainda recebia subsídios dos seus respectivos governos e, portanto, era comercializada a preços competitivos em território nacional, criando dificuldades aos produtores gaúchos. Apesar de inúmeras reivindicações dos estancieiros,, nenhuma atitude foi tomada pelo governo do império.

          E com o descaso do império, crescia no sul do País um sentimento de descontentamento com o poder centralizador do império. É bom lembrar que o Império brasileiro havia sido proclamado em 1822, uma década antes.
No Rio Grande do Sul, este movimento republicano, era liderado pelo Partido Exaltado - seus integrantes eram chamados de farroupilhas, uma forma pejorativa de dizer que eles se vestiam de farrapos, apesar dos líderes serem o que chamaríamos hoje de fazendeiros. Eles defendiam a instauração do sistema federalista, bem como a substituição da monarquia pelo regime republicano.

          E em 20 de setembro de 1835, os farroupilhas se rebelaram e, armados, tomaram o poder de Porto Alegre: foi o estopim da guerra. O governo bem que tentou reverter a situação, mas era tarde demais. Em 1836, os farroupilhas proclamaram a República do Piratini. Bento Gonçalves, líder dos revoltosos, foi conclamado como primeiro presidente.

         Processo muito semelhante ocorreria três anos mais tarde, em 1839, no Estado de Santa Catarina. Liderados por Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro, os rebeldes proclamaram a República Juliana.
Garibaldi, um aventureiro italiano que dizia lutar contra as injustiças, veio ao Brasil especialmente para ajudar os farrapos. Em Santa Catarina, acabou casando com Anita Garibaldi, uma catarinense que aderiu ao movimento de insatisfação contra o império.
Com a proclamação da República Juliana, o movimento estava no ápice. Em 1838 e 1839, o governo das "novas repúblicas" tomou as seguintes medidas:
·   Libertação dos escravos, que haviam participado da revolução
·   Redução dos impostos sobre exportação
·   Restabelecimento do imposto sobre importação de gado
·   Criação de uma fábrica de arreios
·   Criação de uma fabrica de  curtição de couros
·    Promoção do recenseamento da população
·    Instituição da Assembléia Constituinte e do sufrágio universal

Medidas muito a frente de seu tempo aqui no Brasil. Que vivia ainda sob o domínio não mais de Portugal e sim da Inglaterra – no acordo de independência do Brasil assumíamos todas as dividas de Portugal com o Reino Britânico. 

Dom Pedro 2º assumiria o trono do Império, em 1840, sob forte instabilidade institucional. Logo, procurou restabelecer a paz no sul do País, propondo anistia aos rebeldes farroupilhas. Proposta esta que foi amplamente rejeitada nas novas repúblicas...

           Foi então que, em 1842, as forças militares do governo federal, comandadas por Duque de Caxias, começaram a conter a revolta. É claro, a ferro e fogo.
Uma personagem interessante é o Marechal Bento Manuel Ribeiro, que mudou de lado duas vezes na guerra, segue um pouco da sua história.
Aos 25 anos, conta-se que começou a fazer fortuna como estancieiro, apossando-se das terras que conquistava. Participou da primeira campanha cisplatina (1811-1812), e na volta foi promovido a tenente (1813). Na Guerra contra Artigas (1816-1817) iniciou como tenente servindo sob o comando do general Joaquim Xavier Curado. Efetivado no posto de Capitão de Milícias pelo distinto comportamento em ação, atuou no combate de Guabiju (1818), impondo pesada derrota ao General Aranda. Numa sequência consecutiva de grandes feitos militares, foi promovido sucessivamente a major (1818), a tenente coronel (1820), coronel graduado do 22º Regimento de Milícias de Rio Pardo (1822), coronel de Estado-Maior (1825) e tornou-se herói da Guerra Cisplatina. Depois da guerra, comandou a guarnição e a Fronteira do Rio Pardo (1831-1834), posto que foi demitido por ato do Presidente da Província, Fernandes Braga, o que muito pesou na sua decisão de ajudar a derrubar o governo, aderindo à Revolução Farroupilha. Tornou-se uma das figuras mais polêmicas do movimento revolucionário, pois trocou de lado duas vezes, começando ao lado da Revolução e tomou parte ativa na derrubada do governo da província (1835). No final do mesmo ano, mudou de lado quando seu amigo Araújo Ribeiro foi indicado para presidente da província pelo governo central. Lutando pelas tropas do Império, tornou-se um herói legalista, ao vencer a batalha da Ilha do Fanfa, no rio Jacuí, próximo de Triunfo, e prender Bento Gonçalves (1836), junto com outros líderes revolucionários como Pires, Marciano Ribeiro, Pedro Boticário e José Calvet, e foi levado para a Bahia. Quando seu amigo foi humilhantemente exonerado pela segunda vez da presidência da província (1837) ele voltou para a Revolução. Prendeu próximo de Caçapava, o novo presidente da província, Antero José Ferreira de Brito, que foi trocado pelo coronel farrapo Sarmento Menna e também derrotou os legalistas em Rio Pardo, o que deu grande impulso aos farroupilhas, que voltaram a sitiar Porto Alegre. Em conflito com alguns comandantes revolucionários e para evitar a cisão entre os republicanos, pediu demissão de seu posto de Comandante-em-chefe de seu Exército (1839). Permaneceu neutro, mesmo sob a ameaça de ser preso pelo Império, até que (1842) foi anistiado pelo Governo Imperial e assim deixou de responder por crime de rebelião, sedição e roubo. 
A convite do então Barão de Caxias voltou a lutar ao lado das tropas imperiais. Recebeu de Caxias o comando de uma divisão e desempenhou então decisiva ação militar na perseguição aos farrapos, até a assinatura da Paz de Ponche Verde (1845), ajudando a acabar com a guerra. Apesar de sua aparente instabilidade político-ideológica, sempre foi reconhecido por todos como um valente combatente, um militar de raros méritos como estrategista, tático, profundo conhecedor do terreno e grande capacidade de orientação e de liderança em combate e da combinação Infantaria-Cavalaria, além de conhecimento apreciável da psicologia de seus homens e dos adversários e, especialmente, dos caudilhos platinos. A sua participação foi considerada decisiva para o resultado final do conflito e, promovido a Marechal de Campo do Exército Imperial Brasileiro (1843), como recompensa de seus feitos, recebeu os direitos legais sobre grandes extensões de terra na região de Alegrete.

            A revolução Farroupilha chegaria ao fim somente no ano de 1845, com a celebração de um acordo entre o Império e os rebeldes, representados pelo Duque de Caxias e Davi Canabarro (outro líder farrapo), respectivamente. De um lado, os revoltosos eram anistiados e os oficiais Farroupilhas eram incorporados ao exército nacional. De outro, os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina voltavam a fazer parte do império brasileiro. E os charques argentino e uruguaio passaram a ser taxados em 25%.
 Segue um excelente texto de Arnaldo Jabour, pois quando o texto vale à pena deve ser divulgado não concordam?

DE ONDE VIRÁ O GRITO?

 Num texto anterior introduzi o conceito de “Ressentimentos Passivos”. Para
relembrar, lá vai um trecho: ”Você também é mais um (ou uma) dos que preenchem seu tempo com ressentimentos passivos”? Conhece gente assim? Pois é.

O Brasil tem milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo ressentimentos passivos. Olham o escândalo na televisão e exclamam “que horror”. Sabem do roubo do político e falam “que vergonha”. Vêem a fila de aposentados ao sol e comentam “que absurdo”. Assistem a uma quase pornografia no programa dominical de televisão e dizem “que baixaria”.

Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram ”que medo”. E pronto!
Pois acho que precisamos de uma transição “neste país”. Do ressentimento
passivo à participação ativa”. Pois recentemente estive em Recife e em Porto Alegre, onde pude apreciar atitudes com as quais não estou acostumado, paulista/paulistano que sou.

Em Recife, naquele centro antigo, história por todos os lados. A cultura
pernambucana explícita nos outdoors, nos eventos, vestimentas, lojas de
artesanato, livrarias. Um regionalismo que simplesmente não existe na São
Paulo que, sendo de todos, não é de ninguém.

 No Rio Grande do Sul, palestrando num evento do Sindirádio, uma surpresa.
Abriram com o Hino Nacional. Todos em pé, cantando. Em seguida, o
apresentador anunciou o Hino do Estado do Rio Grande do Sul. Fiquei curioso.
Como seria o hino? Começa a tocar e, para minha surpresa, todo mundo
cantando a letra!

 “Como a aurora precursora / do farol da divindade, /foi o vinte de setembro
/ o precursor da liberdade”

Em seguida um casal, sentado do meu lado, prepara um chimarrão. Com garrafa de água quente e tudo. E oferece aos que estão em volta. Durante o evento, a
cuia passa de mão em mão, até para mim eles oferecem. E eu fico pasmo. Todos colocando a boca na bomba, mesmo pessoas que não se conhecem. Aquilo cria um espírito de comunidade ao qual eu, paulista, não estou acostumado. Desde que saí de Bauru, nos anos setenta, não sei mais o que é “comunidade”.

           Fiquei imaginando quem é que sabe cantar o hino de São Paulo. Aliás, você sabia que São Paulo tem hino? Pois é... Foi então que me deu um estalo. Sabe como é que os “ressentimentos passivos” se transformarão em participação ativa? De onde virá o grito de “basta” contra os escândalos, a corrupção e o deboche que tomaram conta do Brasil?

           De São Paulo é que não será. Esse grito exige consciência coletiva, algo que
há muito não existe em São Paulo. Os paulistas perderam a capacidade de mobilização. Não têm mais interesse por sair às ruas contra a corrupção. São Paulo é um grande campo de refugiados, sem personalidade, sem cultura própria, sem “liga”. Cada um por si e o todo que se dane. E isso é até compreensível numa cidade com 12 milhões de habitantes.  Penso que o grito – se vier - só poderá partir das comunidades que ainda têm essa “liga”. A mesma que eu vi em Recife e em Porto Alegre. Algo me diz que mais uma vez os gaúchos é que levantarão a bandeira. Ou talvez os Pernambucanos. Que buscarão em suas raízes a indignação que não se encontra mais em São Paulo.

Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles.


 Uma breve cronologia do Brasil império até a proclamação da republica.

Principais fatos da História do Brasil Império (Cronologia) 

1822 - No dia 7 de setembro, D.Pedro I, às margens do riacho do Ipiranga em São Paulo, proclama a Independência do Brasil. Início do Brasil Monárquico.
1822 - No Rio de Janeiro, em 12 de outubro, D.Pedro I é aclamado imperador do Brasil.
1823 - Reunião da Assembléia Geral Constituinte e Legislativa do Brasil. A Assembléia foi dissolvida por D. Pedro I que criou o Conselho de Estado.
1824 - No dia 25 de março, D.Pedro I outorga a Primeira Constituição Brasileira.
1824 - O nome oficial do país muda de Brasil para Império do Brasil.
1824 - Ocorre o movimento revolucionário conhecido como Confederação do Equador.
1825 - Início da Guerra da Cisplatina, conflito entre Brasil e Uruguai, que queria sua independência.
1825 - A Independência do Brasil é reconhecida por Portugal.
1831 - Sofrendo pressões, D.Pedro I abdica do trono do Brasil.
1831a 1840 - Período Regencial: Brasil é governado por regentes.
1835 - 1845 - Ocorre a Revolução Farroupilha no sul do país.
1834- Morte de D.Pedro I.
1835 - Revolta dos Malês no estado da Bahia.
1835-1840 - Cabanagem: revolta popular ocorrida na província do Pará.
1837-1838 - Sabinada - revolta regencial ocorrida na Bahia.
1838-1841 - Balaiada - revolta popular ocorrida no interior da província do Maranhão.
1840 - Golpe da Maioridade: D.Pedro II assume o trono do Brasil com apenas 14 anos de idade.
1842 - Revolução Liberal nas províncias de Minas Gerais e São Paulo.
1847 - É instituído o parlamentarismo no Brasil.
1848-1850 - Revolução Praieira, de caráter liberal e federalista, ocorrida na província de Pernambuco.
1850 - Lei Eusébio de Queiróz que proibia o tráfico de escravos.
1854 - O empresário Barão de Mauá, em 30 de abril, inaugura a primeira ferrovia brasileira.
1865-1870 - Ocorre a Guerra do Paraguai: Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai.
1870 - Lançamento do Manifesto Republicano.
1871 - Promulgada a Lei do Ventre Livre.
1872 - Fundação do Partido Republicano.
1882 - A borracha ganha importância no mercado internacional e o Brasil torna-se um grande produtor e exportador.
1885 - Lei dos Sexagenários: liberdade aos escravos com mais de sessenta anos.
1874 - Chegam a São Paulo os primeiro imigrantes italianos.
1888 - No dia 13 de maio, a Princesa Isabel assina a Lei Áurea, acabando com a escravidão no país.
1889 - Em 15 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro, sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca, ocorre a Proclamação da República.

 
Fontes:
Meu grande professor de  geopolítica Luiz Tayllor



Por Luís Junior
Gerente de TI, ogro e nerd em tempo integral.






sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Surdos escravos cegos que não sabem gritar
Por Silvia Schroeder

De Londrina



 “é o homem inteiro que é condicionado ao comportamento produtivo pela organização do trabalho, e fora da fábrica ele conserva a mesma pele e a mesma cabeça.
Cristophe Dejours


Tratava-se de um programa do Discovery Channel que instruía os telespectadores nas melhores técnicas de sobrevivências nas áreas tensas e não urbanas da Irlanda. O maluco explicava – e demonstrava empiricamente – que se encontra disponível na natureza as ferramentas essenciais para se manter vivo. Tudo em diversas formas, cores, modelos e sabores.

A seguir, veio o intervalo tal qual um ardido tapa na cara. Se por um lado somos animais capazes de usar a inteligência para encontrar meios alternativos, nas prateleiras do natural gratuito, para dar continuidade à nossa existência, por outro lado somos capazes de perder tempo a) inventando,  b) produzindo, c) agregando valor e fazendo propaganda de uma escova de cabelo que gira freneticamente e derrete o couro cabeludo para deixar a sujeita linda para um jantar ou em alto estilo para um encontro de última hora. É uma pena que tal utensílio não estimule o processo da neurogênese.

Este abismo ridículo, entre o que somos e o que fingimos ser, exibido de forma tão óbvia em um meio de comunicação em massa e alienante imediatamente me lembrou um sério questionamento que meu irmão mais velho me fazia quando andava distraída: “Você é boba ou quer um milhão”?

A sociedade humana se tornou um burro de carga com uma vara de pescar presa nas costas que segura uma cenoura que jamais será alcançada. Tornamo-nos bobos e inocentemente acreditamos que alcançaremos o um milhão.

O que eu pretendo dizer, deixando TODAS as metáforas de lado, é que nos tornamos os escravos mais idiotas que já pisaram neste grão de areia suspenso em um feixe de luz que pomposamente chamamos de Planeta Terra.

Uma pequena classe dominante construiu um exército de escravos cegos, surdos, mudos e amedrontados e lhes tirou toda a noção de sua própria alienação.

Se tivéssemos uma parcela de consciência de nossa servidão, correríamos feitos loucos atrás de um pedaço de papel? Papel, este, que só tem valor por consentimento de todos os escravos e que nunca será em quantia suficiente para uma carta de alforria.

Caso notássemos claramente o quanto não mais nos pertencemos, concordaríamos em nos vendermos diariamente em um trabalho maçante e repetitivo?

Iríamos simplesmente nascer e crescer de cabeça baixa apenas para produzir e consumir sem critérios de real necessidade?

Obedecemos sem saber por que o fazemos. Voluntariamo-nos para esta vida terrível e cremos piamente que não há alternativas para outra forma de configuração social. Jura? Orgulhamo-nos tanto de nossa evolução social e assumimos que está bom para todo mundo. A verdade está no extremo oposto desta afirmação.

Sinceramente não me importará que digam que se trata de uma revolta típica da juventude, pois a resposta virá com um triste pesar: minha geração tem preocupações mais sérias do que a condição humana como, por exemplo, o status que lhes trarão uma calcinha bege cravada de diamantes africanos recolhido por um minerador europeu com um olho diferente do outro – ainda que Bowie cantasse a eles antes de dormir...

Espero, igualmente, que jamais morra em mim a indignação frente à maldade que impetram a tantos seres humanos, condenando-os à fome, ao frio e a humilhação. E que jamais esqueça que o que nos dizem felicidade é apenas um osso roído jogado para nós debaixo da mesa.

Não sou marxista, comunista, capitalista ou malabarista, desejo apenas que a hipocrisia de que este é o mundo ideal seja deixada de lado, no mínimo e apenas para começar.

Mas no fim das contas, se tudo der errado e zumbis fundamentalistas do oriente tretarem com zumbis fundamentalistas arrogantes do ocidente, eu corro para as colinas e faço uma fogueira usando dois gravetinhos.




segunda-feira, 12 de setembro de 2011

De Socrates a Osama Bin Laden: A vitória do caos


Quem possui a verdade?
  Por Antonio Siqueira
  
  Do Rio de Janeiro


As ultimas duas horas do WTC




      













     

       Eram 08h45min (10h45min no Rio de Janeiro) de uma terça-feira ensolarada em Nova Iorque e cinzenta no Rio de Janeiro. Exatamente 10 minutos depois do despertar deste que vos escreve, Carlos Nascimento, ex ancora do telejornalismo ‘global’, tentava manter o equilíbrio narrando em transmissão simultânea com a Globonews que “um bimotor” havia se chocado na torre sul do Word Trade Center, o maior símbolo do capitalismo mundial e orgulho nacional dos estadunidenses. Obviamente que era um Boeing com todos os seus tanques de combustível lotados para viagens domésticas com grandes distancias. Dezoito minutos depois, a minha caneca de café, sorvida com direito justo de quem estava de férias em sua cama, tremeu. Um segundo avião se chocaria na torre norte e com ele a certeza de que os Estados Unidos da América, a nação mais poderosa do mundo estava sendo atacada em seu território e pela primeira vez na história desde a criação da sua extensa federação. Antes das dez da manhã, um terceiro avião era atirado sobre o Pentágono, o coração do poder militar do império estadunidense.


       Outro avião cairia na Pensilvânia; os passageiros lutaram contra os terroristas e conseguiram evitar que este fosse jogado em cima da Casa Branca. Em meia hora, a conta de toda essa barbárie, as desconfianças pairavam entre personagens que, de fato, financiaram por anos terroristas no mundo inteiro, como Muahmar Kaddafi e Sadan Hussein. Porém, tratava-se de um ataque terrorista liderado pelo então milionário saudita Osama Bin Laden, em poucos dias, mais e mais pistas evidenciavam essa teoria. Com o crescimento das pistas, aumentaram também a crença por parte de toda população de que realmente se tratava de um grande atentado. O humor do mundo mudaria muito e o meu também.

        Pessoas morrem todos os dias vítimas de atentados terroristas pelo mundo, que o digam Israel e os territórios Palestinos, ou nos demais países de conflitos étnicos ou religiosos como na África. A questão é que o referido atentado ocorreu na maior potência militar do planeta, no quarto íntimo da Inteligência Militar norte-americana (Pentágono) e no quintal de sua economia (World Trade Center). Dimensionar isto apenas do aspecto da destruição física é impossível e inocente. Dez anos se passaram. Especulou-se, conspirou-se muito, caçaram Osama Bin Laden e a Alqaeda pelo mundo inteiro. Dez anos se passam como se fosse um cochilo. O mundo não ficou mais perigoso depois desses atentados; O mundo sempre foi muito perigoso! As cortinas da hipocrisia é que se rasgaram com a queda das torres gêmeas e a morte de quase 3000 inocentes.

       Gastaram dez trilhões de dólares em duas guerras declaradas, criaram a grande fábula da armas de destruição em massa, sucatearam ainda mais o Afeganistão, arrasaram o Iraque e seu povo, mataram Sadan Hussein em cadeia internacional. Prendeu-se, perseguiu-se... Os EUA mergulharam na maior crise financeira da sua história por conta dos esforços de guerra insanos de George W Bush, James Hamsfeld e Dick Cheney. Nunca se ganhou tanto dinheiro com a produção de armas nos EUA nesta ultima década, nem nas duas grandes guerras. Bin Laden foi morto há alguns meses no Paquistão e tornou-se um ícone cultural. É como se a cultura de massa fosse um liquidificador que mistura todos os personagens que a mídia traz a tona, de qualquer ótica, e em certa medida torna todos eles iguais. Parece que pouco foi tirado da lição desses eventos, a não ser uma "otimização" acelerada em termos de tecnologia de segurança que hoje ultrapassam as centenas.

      Michel Moore dirigiu e produziu em 2004, um dos melhores documentários do cinema, o aclamado Fahrenheit 11 de Setembro onde, num trabalho jornalístico notável fala sobre as causas e conseqüências dos atentados nos Estados Unidos, fazendo referência à posterior invasão do Iraque, liderada por esse país e pela Grã-Bretanha. Além disso, tenta decifrar os reais alcances dos vínculos que existiriam entre as famílias do presidente Bush e a de  Bin Laden.

      Provar que algumas evidências são incoerentes é uma tarefa difícil, pois o acesso ás informações é limitado e a mídia é monopolizada. Logo, quem possui o poder, possui a “verdade”. Anos após essa catástrofe, não se fala muito no assunto, alguns insistem em defender os EUA e criar todo um discurso contra o terrorismo, outros colhem as informações possíveis e defendem piamente a tese que tudo não passou de uma armação.

      A proposta desse texto não é acusar ou defender nenhum dos dois lados no que se refere ao dia 11 de setembro de 2001. A intenção é mostrar que nem tudo é o que parece ser. Que a verdade muda dependendo do ponto de vista e que em geral a história é contada por vencedores, por aqueles que detêm o poder, então é simples modificá-la e adaptá-la para benefício próprio.

      Com isso, fica a proposta para que cada ser humano não aceite a verdade pronta, que questione a história, os noticiários e que quebrem paradigmas sem medo. Quando assumirmos uma postura semelhante à de Socrates quando disse “Só sei que nada sei" certamente estaremos mais próximos daquilo que pode vir a ser a verdade. Até o presente momento, Osama Bin Laden é o grande vitorioso.


* Antonio Siqueira é articulista, musico e critico de arte



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A ética Vogoniana e o espírito da Burocracia


Por Silvia Schroeder
De Londrina



“Um POP é alguma coisa que não podemos ver, ou não vemos, ou nosso cérebro não nos deixa ver porque pensamos que é um problema de outra pessoa. É isso que POP quer dizer: Problema de Outra Pessoa. O cérebro simplesmente o apaga, como um ponto cego. Se você olhar diretamente para ele, não verá nada, a menos que saiba exatamente o que é” (O Guia dos Mochileiros da Galáxia)


       Uma das mentes mais brilhantes que pensou por essas bandas do sistema solar nos deu uma boa visão de burocratas por excelência. Se você, meu caro leitor, pensa que estou falando a respeito de Max Weber e os funcionários do DETRAN, está enganado. Eu falo de Douglas Noël Adams e os vogons.

      O Guia dos Mochileiros da Galáxia nos esclarece que os Vogons não chegam a ser malévolos, mas são “mal humorados, burocráticos, intrometidos e insensíveis. Seriam incapazes de levantar um dedo para salvarem suas próprias avós da terrível Besta Voraz de Traal sem antes receberem ordens expressas através de um formulário em três vias, enviá-lo, devolvê-lo, pedi-lo de volta, perdê-lo, encontrá-lo de novo, abrir um inquérito a respeito, perdê-lo de novo e finalmente deixá-lo três meses sob um monte de turfa, para depois reciclá-lo como papel para acender fogo”.
      Douglas Adams em sua infinita ironia genial personificou as piores características da burocracia nestes personagens alienígenas. Eles são capazes de complicar as operações mais simples, dificultar a resolução dos problemas mais bobos e se sentirem profundamente satisfeitos com isso. Muito parecido com o que acontece nesta rocha flutuante coberta de água que chamamos de Planeta Terra.
Obviamente, como estagiária na função administrativa em um órgão municipal, posso afirmar que nem todos os servidores públicos são burocratas malévolos prontos pra negar algum pedido, simplesmente para complicar a vida de alguém. Tampouco os funcionários da iniciativa privada que executam os atos burocráticos, são seres das venenosas profundezas do mar sem fim. Não, eles são apenas vítimas do sistema, assim como os usuários deste.

      Em seus estudos Max Weber desenvolveu o conceito de Burocracia, que consiste basicamente – e quando eu digo básico, é básico mesmo – na prévia definição do funcionamento de todas as rotinas de uma determinada instituição de forma racional e impessoal. Para Weber a burocracia era um negócio bacana que por conta da sua característica racional intrínseca ia gerar muitos benefícios. E pra todo mundo.

      Na prática a coisa não funciona bem assim. O que era pra ser o caminho se tornou o ponto de chegada, isto é, se a burocracia, a princípio, surgiu como um meio para se atingir uma finalidade, hoje em dia o que mais se vê é a burocracia sendo o fim – no sentido de finalidade e também especificando o estado em que se encontra a paciência de suas vítimas.
     Se a realidade é feita de contradições é por que ela funciona melhor assim. Toda tese precisa de sua antítese e a síntese não séra uma sociedade perfeita, mas algo “menos pior”. A burocracia precisa ser substituída por algo “menos pior”. E urgentemente.
      Para os desesperados de plantão, enquanto aguardam uma declaração, certidão ou qualquer uma dessas chatices, contemple a única coisa pior do que a burocracia: Poesia vogon.


"Ó fragúndio bugalhostro, tua micturição é para mim
Qual manchimucos num lúrgido do mastim
Frêmeo implochoro-o, ó meu perlíndromo exangue
Adrede me não apagianaste e crímidos dessartes?
Ter-te-ei rabirrotos, raio que o parte!"

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Qualquer servicinho sujo é bem vindo.


A Mocréia Mensaleira e os 265 Ladrões

Por Antonio Siqueira
Do Rio de Janeiro


Lixo Genuinamente Nacional

















     “A Câmara absolveu Jaqueline Roriz, por 265 votos contra 166 e 10 abstenções, no processo de cassação por quebra de decoro parlamentar. Assim, 265 corruptos se solidarizaram à corrupta Jaqueline Roriz. Esses corruptos são os representantes brasileiros no Congresso. ‘Triste Casa do Povo’, sem decência, sem moralidade. Deveriam ser todos cassados. E o pior: se escondem sob o imoral voto secreto. Este é o preço que se paga pelo voto obrigatório. Cambada de traidores da Pátria.Trocam a moralidade pública pela corrupção. Onde fica a ilibada conduta de um parlamentar? A resposta pode estar no vaso sanitário.”

      Esse foi o comentário revoltado e digno de aplausos públicos do leitor do Jornal do Brasil, Julio Cesar Cardoso de Balneário Comburiu - SC na edição de hoje da única versão em que este  está disponível (o centenário JB foi destruído pelo sistema em 2009). Hoje o JB usa e abusa da liberdade virtual.

      A latrina institucional é antiga, todos sabemos. O que não procede nas cabeças menos alienadas é como um povo, uma nação que já é sem sombra de duvidas uma potencia econômica e de vital importância no cenário mundial, aceita diária e pacificamente toda sorte de ignomínias que envolvem o que mais dói em qualquer ser - cidadão - trabalhador que honra seus compromissos com sacrifício e suor: O seu próprio bolso! Em 99,9% de qualquer motivação corruptiva, é envolvido o dinheiro público. Até a cerveja do guarda é dinheiro publico. Seu dinheiro administrado por “bundas sujas” de colarinho branco e tailleurs bem cortados em curvas nem sempre atraentes. Todo mundo mete a mão e a “mão leve” da vez e que foi pega com a boca na botija no ano de 2006 e com atraso de cinco anos, chama-se Jaqueline Roriz.

       Jaqueline Roriz, filha de outro ladrão renomado, o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, foi flagrada em vídeo ao receber dinheiro em 2006 no chamado Mensalão do DEM. Esses vídeos foram divulgados no final de 2009, resultando nas investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada. O então governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em sua defesa, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados". Em meio ao escândalo, ele deixou os Democratas. Isso por si só renderia uma cana dura! Todos estão livres e a Musa da Corruptela Planaltina, com um placar de 265 votos a 166, foi absolvida das acusações e se livrou do processo de cassação a que respondia na Câmara. Por maioria e em votação secreta, os parlamentares absolveram a filha do ex-governador ladrão. O que revoltou o Senador Cristóvão Buarque que pediu o fim imediato das votações secretas. Em entrevista ontem em vários telejornais, Buarque lamentava os anos de luta contra o que chamou de Clã Roriz numa ode de lamento; um semblamte claro de descontentamento e decepção ao perceber que ali o crime compensa e muito.

      É preciso lembrar aqui que as investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário. Acusado de tentar subornar o jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, testemunha do caso, Arruda foi preso preventivamente em fevereiro de 2010, por determinação do Superior Tribunal de Justiça, que ainda o afastou do cargo de governador. Ele ficou preso por dois meses e, neste período, teve o mandato cassado por desfiliação partidária. Está solto.

       Ainda pouco vejo na BBC Brasil o deputado Ivan Valente (Psol-SP) quase arrancando os cabelos aos gritos nos corredores do congresso declarando: “Isso foi um escárnio, até porque, o relatório do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) foi contundente, e as provas, explícitas." Com certeza, meu caro congressista. Mas tenha, também, a ciência de que esses “Mensalões” que tiveram suas “cuecas” abertas e expostas suas genitálias fétidas por José Dirceu, Delúbio e sua gang, beneficiam até funcionários do próprio congresso, dos gabinetes desses bandidos e até quem...Só deus sabe. Aliás, eles são a matéria prima vital para a sustentação de todo esse esquema de sacanagem com o dinheiro do povo. Ou o caro congressista acha que esses 265 safados votaram a favor dessa criatura lodosa por amor ou admiração à suas “belas curvas”? Mocréias pagam bem por qualquer servicinho sujo_ daqui ou dali_ Deputado. Não se iluda.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O "Tiro no Pé" de Sérgio Cabral

O DIABO VESTE ARMANI
    Por Antonio Siqueira
     Do Rio de Janeiro



O Diabo Alinhado



     









      










   

      Ao ordenar a prisão de 439 bombeiros e abusar da violência contra os grevistas, O Governador Sérgio Cabral (aquele que paga mal!) deu um tiro no próprio pé e jogou o seu segundo mandato na lata de lixo fétida da história. Muitos canalhas já ocuparam o Palácio Guanabara. De Wellington Moreira Franco, o “homem chamado trabalho”  que anunciou de forma risível ao Estado do Rio e ao país que acabaria com a violência local em seis meses, se elegendo com essa “tresloucada” plataforma de campanha, a Antony Garotinho e sua mulher, Rosinha Garotinho (Que andou usando apenas “Rosinha” nos adesivos, placas e santinhos nas eleições de 2008, para ver se limpava a sua própria vida, mas o juiz Pedro Henrique Alves, da 76ª Zona Eleitoral, de Campos, determinou que ela passasse a utilizar o nome completo sob a alcunha de "Garotinho"). Todos eles formaram equipes de governo corruptas, praticando toda sorte de crimes contra o patrimônio publico, uns tiveram mandatos cassados, outros foram parar na cadeia e, mesmo assim, houve justiça em grande parte dos casos. Haja vista que Álvaro Lins, o chefe da policia civil do Governo do “casal metralha”, está preso até hoje em Bangu oito sob acusação de uso da máquina financeira estatal, corrupção e assassinato com a conivência do Governo do Estado daquele período. Com todo esse chorume político, Sergio Cabral Filho conseguiu ser ainda pior que todo esse bando. A maneira com que ele tratou o movimento SOS Bombeiros deve ter assustado até esses demônios da velha máfia política do Estado do Rio de Janeiro.

      Cabral foi desumano, foi vil, covarde e a ignomínia cometida para com esses homens ultrapassa os limites do absurdo. Recentemente, em declarações de extrema maldade, sugeriu que esses mesmos bombeiros militares, realizassem suas caminhadas por melhores salários e condições dignas de trabalho juntamente com a Parada Gay em Copacabana, indignando grupos de repudio e combate à homofobia e até seus próprios correligionários. Cabral tratou o movimento SOS Bombeiros com escárnio, deboche, autoritarismo e violência. Quando o helicóptero que levava Mariana Noleto namorada de seu filho e bom vivant, Marco Antônio Cabral caiu no mar, no sul Bahia, causando varias mortes, inclusive a de Mariana; Cabral ordenou o deslocamento de 8 mergulhadores da corporação fluminense para a região, gerando constrangimento até na família da moça. A farra  em Trancoso estava sendo financiada e promovida pelo bilionário Eike Batista e trouxe à tona as negociatas entre os dois, como troca de presentes e favores prestados ao empresário com dinheiro do povo do Estado do Rio. Cabral isentou as empresas de Eike em 75 Milhões de Reais, dinheiro este que iria para os cofres públicos. E isso promete ser apenas a ponta do Iceberg.

      Cabral é o principal suspeito público do atentado sofrido pelo combativo advogado Ricardo Gama em 24 de março deste 2011 agitado. O advogado mantém um blog que em seu conteúdo disponibiliza 90% de seu espaço para ferrenhas críticas ao estilo cabralhesco de governar. Gama foi alvejado com 6 tiros perto de sua residência quando caminhava em uma feira no Bairro Peixoto às 11 da manhã em Copacabana. De acordo com testemunhas, os disparos foram efetuados por ocupantes de um Ford KA prata. As investigações se encontram estagnadas apesar de algumas testemunhas terem prestado depoimento. Seu blog faz críticas pesadas a autoridades estaduais e municipais, policiais e milicianos e aqui no Rio podemos dizer com a autoridade de cidadãos sensatos e informados que essa farinha é da mesma procedência suja. Ricardo Gama presta um serviço de suma importância, sem sombra de duvidas. Mas como ninguém é santo por aqui, mancha um pouco essa nobre diretriz; Gama tentou uma vaga para deputado estadual pelo Partido da República (PR), liderado pelo deputado federal e ex-governador Anthony Garotinho, amigo do blogueiro e ex-candidato ao governo estadual.

       Em um Estado como o do Rio de Janeiro, em que a política é canhestra, suja e corrupta desde o tempo de Chagas Freitas (Aliás, a impressão que se tem é que todos eles são filhos do "chaguismo", sem exceção), torna-se praticamente impossível filiar-se a um partido político decente. Meu conselho ao Gama seria a abstinência total de qualquer relação mais estreita com essa camarilha de vampiros, mas a ambição é e sempre será o grande veneno que mata e mutila a humanidade.


      Apesar da violenta repressão, os bombeiros dão prova de maturidade e mantêm a mobilização. Cerca de 150 ativistas continuam em vigília nas escadarias da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, com faixas pedindo por “socorro” e críticas ao governador que rotulou os grevistas de “vândalos”. Outros protestos ocorrem pela cidade, como em Campo Grande, Bangu, Realengo e na Penha. Fitas vermelhas estão amarradas em 90% dos carros que circulam, pela cidade, sejam particulares e ou de empresas. O apoio da população é unanime. Cabral enviou tropas do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) para o Quartel Central da corporação, ocupado por Bombeiros Militares e seus familiares, incluindo assim mulheres e crianças. Esses familiares não estavam ali obrigados pelos lideres do movimento, de forma alguma. Estavam ali desesperados, pois a vida de uma família de bombeiro militar aqui no Rio anda, há tempos, ganhando contornos de miséria e privação totais em diversos casos. O que impressiona é que os servidores do CBMERJ, não abandonaram a população em momento algum, mantendo seus serviços essenciais. Ninguém morreu por falta de socorro, os resgates e combates aos mais diversos tipos de incêndio, acidentes automobilísticos e ocorrências nas ruas de todas as cidades fluminenses, mantiveram-se incólumes e eficientes, aliás, como sempre foi.

      Cabral mandou o BOPE atacar e atirar em homens, mulheres e crianças desarmados. O BOPE foi criado e treinado para matar, para dar fim a conflitos sem muitas opções de negociação, todos sabem disso. Ao menos pelos dois filmes tão bem dirigidos e roteirizados por José Padilha. E a realidade desta instituição é ainda mais radical do que foi retratado na telona pelos Topas de Elite I e II.  Talvez se o Governador tivesse lido Maquiavel em alguma época da sua vida hipócrita, se fosse menos imbecil, beberrão e fanfarrão, não cometesse esse erro. O BOPE transformou-se na 'Milícia Pessoal do Governador', contrariando os pensamentos preciosos do secular diplomata e fundador do pensamento e da ciência política moderna. Pelo fato de haver escrito sobre o" Estado e o governo" como realmente são e não como deveriam ser e sem "exércitos mercenários" ou coisa parecida. 

        Se o ‘Diabo veste Prada’ como foi retratado no interessante e charmoso filme dirigido pelo eficiente David Frankel e estrelado pela genial Meryl Streep, aqui entre as paredes imundas do Palácio Guanabara, o Diabo Veste Armani.


*Antonio Siqueira é articulista, musico, carioca e não mais esperançoso.







Esse vídeo mostra ao ilustre leitor a realidade desses homens tão importantes em nossas vidas