sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Separatismo

Sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra.
               Por Luis Junior - de São Paulo


Bem
após algum tempo sem escrever vou aproveitar para falar do feriado de 20 de Setembro. O mais importante feriado em minha opinião (deveria inclusive ser feriado Mundial).

Ironias a parte, irei montar um breve resumo da política da época no Brasil Império.

Mas o certo é que se deve muito ao sul do país se hoje vivemos em um modelo parecido com o democrático.

Morando praticamente há um ano em São Paulo, vejo aqui o povo como no Rio de Janeiro, que se esqueceu de suas raízes, sua cultura e extremamente acomodado e submisso, como por exemplo na questão de impostos em que apenas em setembro chegou a quase 1 trilhão e meio de reais, mas quase nada disso é investido em educação, saúde e moradia. Gostaria muito de saber dos nossos governantes para onde vai esse montante. Isso tem criado um vácuo sócio-educacional que não vejo como reverter o quadro nos próximos anos. O que choca é a falta de indignação do povo, não totalmente, pois ainda existe um ou outro movimento, mesmo que timidamente, que tenta mostrar à população o que tem acontecido (Anonymous).

Grande parte desta letargia na sociedade é culpa do PT, pois este dito partido de “esquerda” chegou ao poder?! Por meio da indignação da população com o descaso da “direita”. Hoje em dia sinceramente o conceito de esquerda e direita não pode mais ser aplicado no Brasil, haja vista que se formos analisar o PT e o PSDB não saberíamos dizer quem é quem... E os partidos que deveriam assumir a posição de esquerda, estão mais preocupados em brigar futilmente para descobrir quem é mais esquerda que o outro (PCO e PSTU). Do PCdoB não cabe nem falar, afinal um partido que apoiou o FHC e está em todos os governos (dinheiro do povo para o partido, comércio de carteirinhas estudantis e outras políticas nada comunistas). 

Mas vou deixar este assunto de definições políticas para outra postagem.

Na semana de 12 à 20 de setembro é comemorado no Rio Grande do Sul a semana farroupilha, uma celebração do período de 10 anos que o RS ficou como uma republica independente e democrática. Sem interferências externas vinda do Brasil. 

Na década de 1830, os estancieiros do Estado do Rio Grande do Sul viviam uma grave situação econômica. Seu principal produto, o charque (carne-seca), cuja maioria da produção era destinada ao abastecimento do mercado interno brasileiro (particularmente à classe média brasileira que se formava com a exploração de metais preciosos nas Minas Gerais), sofria forte concorrência externa. A carne-seca argentina e uruguaia não era tributada na importação e ainda recebia subsídios dos seus respectivos governos e, portanto, era comercializada a preços competitivos em território nacional, criando dificuldades aos produtores gaúchos. Apesar de inúmeras reivindicações dos estancieiros,, nenhuma atitude foi tomada pelo governo do império.

          E com o descaso do império, crescia no sul do País um sentimento de descontentamento com o poder centralizador do império. É bom lembrar que o Império brasileiro havia sido proclamado em 1822, uma década antes.
No Rio Grande do Sul, este movimento republicano, era liderado pelo Partido Exaltado - seus integrantes eram chamados de farroupilhas, uma forma pejorativa de dizer que eles se vestiam de farrapos, apesar dos líderes serem o que chamaríamos hoje de fazendeiros. Eles defendiam a instauração do sistema federalista, bem como a substituição da monarquia pelo regime republicano.

          E em 20 de setembro de 1835, os farroupilhas se rebelaram e, armados, tomaram o poder de Porto Alegre: foi o estopim da guerra. O governo bem que tentou reverter a situação, mas era tarde demais. Em 1836, os farroupilhas proclamaram a República do Piratini. Bento Gonçalves, líder dos revoltosos, foi conclamado como primeiro presidente.

         Processo muito semelhante ocorreria três anos mais tarde, em 1839, no Estado de Santa Catarina. Liderados por Giuseppe Garibaldi e Davi Canabarro, os rebeldes proclamaram a República Juliana.
Garibaldi, um aventureiro italiano que dizia lutar contra as injustiças, veio ao Brasil especialmente para ajudar os farrapos. Em Santa Catarina, acabou casando com Anita Garibaldi, uma catarinense que aderiu ao movimento de insatisfação contra o império.
Com a proclamação da República Juliana, o movimento estava no ápice. Em 1838 e 1839, o governo das "novas repúblicas" tomou as seguintes medidas:
·   Libertação dos escravos, que haviam participado da revolução
·   Redução dos impostos sobre exportação
·   Restabelecimento do imposto sobre importação de gado
·   Criação de uma fábrica de arreios
·   Criação de uma fabrica de  curtição de couros
·    Promoção do recenseamento da população
·    Instituição da Assembléia Constituinte e do sufrágio universal

Medidas muito a frente de seu tempo aqui no Brasil. Que vivia ainda sob o domínio não mais de Portugal e sim da Inglaterra – no acordo de independência do Brasil assumíamos todas as dividas de Portugal com o Reino Britânico. 

Dom Pedro 2º assumiria o trono do Império, em 1840, sob forte instabilidade institucional. Logo, procurou restabelecer a paz no sul do País, propondo anistia aos rebeldes farroupilhas. Proposta esta que foi amplamente rejeitada nas novas repúblicas...

           Foi então que, em 1842, as forças militares do governo federal, comandadas por Duque de Caxias, começaram a conter a revolta. É claro, a ferro e fogo.
Uma personagem interessante é o Marechal Bento Manuel Ribeiro, que mudou de lado duas vezes na guerra, segue um pouco da sua história.
Aos 25 anos, conta-se que começou a fazer fortuna como estancieiro, apossando-se das terras que conquistava. Participou da primeira campanha cisplatina (1811-1812), e na volta foi promovido a tenente (1813). Na Guerra contra Artigas (1816-1817) iniciou como tenente servindo sob o comando do general Joaquim Xavier Curado. Efetivado no posto de Capitão de Milícias pelo distinto comportamento em ação, atuou no combate de Guabiju (1818), impondo pesada derrota ao General Aranda. Numa sequência consecutiva de grandes feitos militares, foi promovido sucessivamente a major (1818), a tenente coronel (1820), coronel graduado do 22º Regimento de Milícias de Rio Pardo (1822), coronel de Estado-Maior (1825) e tornou-se herói da Guerra Cisplatina. Depois da guerra, comandou a guarnição e a Fronteira do Rio Pardo (1831-1834), posto que foi demitido por ato do Presidente da Província, Fernandes Braga, o que muito pesou na sua decisão de ajudar a derrubar o governo, aderindo à Revolução Farroupilha. Tornou-se uma das figuras mais polêmicas do movimento revolucionário, pois trocou de lado duas vezes, começando ao lado da Revolução e tomou parte ativa na derrubada do governo da província (1835). No final do mesmo ano, mudou de lado quando seu amigo Araújo Ribeiro foi indicado para presidente da província pelo governo central. Lutando pelas tropas do Império, tornou-se um herói legalista, ao vencer a batalha da Ilha do Fanfa, no rio Jacuí, próximo de Triunfo, e prender Bento Gonçalves (1836), junto com outros líderes revolucionários como Pires, Marciano Ribeiro, Pedro Boticário e José Calvet, e foi levado para a Bahia. Quando seu amigo foi humilhantemente exonerado pela segunda vez da presidência da província (1837) ele voltou para a Revolução. Prendeu próximo de Caçapava, o novo presidente da província, Antero José Ferreira de Brito, que foi trocado pelo coronel farrapo Sarmento Menna e também derrotou os legalistas em Rio Pardo, o que deu grande impulso aos farroupilhas, que voltaram a sitiar Porto Alegre. Em conflito com alguns comandantes revolucionários e para evitar a cisão entre os republicanos, pediu demissão de seu posto de Comandante-em-chefe de seu Exército (1839). Permaneceu neutro, mesmo sob a ameaça de ser preso pelo Império, até que (1842) foi anistiado pelo Governo Imperial e assim deixou de responder por crime de rebelião, sedição e roubo. 
A convite do então Barão de Caxias voltou a lutar ao lado das tropas imperiais. Recebeu de Caxias o comando de uma divisão e desempenhou então decisiva ação militar na perseguição aos farrapos, até a assinatura da Paz de Ponche Verde (1845), ajudando a acabar com a guerra. Apesar de sua aparente instabilidade político-ideológica, sempre foi reconhecido por todos como um valente combatente, um militar de raros méritos como estrategista, tático, profundo conhecedor do terreno e grande capacidade de orientação e de liderança em combate e da combinação Infantaria-Cavalaria, além de conhecimento apreciável da psicologia de seus homens e dos adversários e, especialmente, dos caudilhos platinos. A sua participação foi considerada decisiva para o resultado final do conflito e, promovido a Marechal de Campo do Exército Imperial Brasileiro (1843), como recompensa de seus feitos, recebeu os direitos legais sobre grandes extensões de terra na região de Alegrete.

            A revolução Farroupilha chegaria ao fim somente no ano de 1845, com a celebração de um acordo entre o Império e os rebeldes, representados pelo Duque de Caxias e Davi Canabarro (outro líder farrapo), respectivamente. De um lado, os revoltosos eram anistiados e os oficiais Farroupilhas eram incorporados ao exército nacional. De outro, os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina voltavam a fazer parte do império brasileiro. E os charques argentino e uruguaio passaram a ser taxados em 25%.
 Segue um excelente texto de Arnaldo Jabour, pois quando o texto vale à pena deve ser divulgado não concordam?

DE ONDE VIRÁ O GRITO?

 Num texto anterior introduzi o conceito de “Ressentimentos Passivos”. Para
relembrar, lá vai um trecho: ”Você também é mais um (ou uma) dos que preenchem seu tempo com ressentimentos passivos”? Conhece gente assim? Pois é.

O Brasil tem milhões de brasileiros que gastam sua energia distribuindo ressentimentos passivos. Olham o escândalo na televisão e exclamam “que horror”. Sabem do roubo do político e falam “que vergonha”. Vêem a fila de aposentados ao sol e comentam “que absurdo”. Assistem a uma quase pornografia no programa dominical de televisão e dizem “que baixaria”.

Assustam-se com os ataques dos criminosos e choram ”que medo”. E pronto!
Pois acho que precisamos de uma transição “neste país”. Do ressentimento
passivo à participação ativa”. Pois recentemente estive em Recife e em Porto Alegre, onde pude apreciar atitudes com as quais não estou acostumado, paulista/paulistano que sou.

Em Recife, naquele centro antigo, história por todos os lados. A cultura
pernambucana explícita nos outdoors, nos eventos, vestimentas, lojas de
artesanato, livrarias. Um regionalismo que simplesmente não existe na São
Paulo que, sendo de todos, não é de ninguém.

 No Rio Grande do Sul, palestrando num evento do Sindirádio, uma surpresa.
Abriram com o Hino Nacional. Todos em pé, cantando. Em seguida, o
apresentador anunciou o Hino do Estado do Rio Grande do Sul. Fiquei curioso.
Como seria o hino? Começa a tocar e, para minha surpresa, todo mundo
cantando a letra!

 “Como a aurora precursora / do farol da divindade, /foi o vinte de setembro
/ o precursor da liberdade”

Em seguida um casal, sentado do meu lado, prepara um chimarrão. Com garrafa de água quente e tudo. E oferece aos que estão em volta. Durante o evento, a
cuia passa de mão em mão, até para mim eles oferecem. E eu fico pasmo. Todos colocando a boca na bomba, mesmo pessoas que não se conhecem. Aquilo cria um espírito de comunidade ao qual eu, paulista, não estou acostumado. Desde que saí de Bauru, nos anos setenta, não sei mais o que é “comunidade”.

           Fiquei imaginando quem é que sabe cantar o hino de São Paulo. Aliás, você sabia que São Paulo tem hino? Pois é... Foi então que me deu um estalo. Sabe como é que os “ressentimentos passivos” se transformarão em participação ativa? De onde virá o grito de “basta” contra os escândalos, a corrupção e o deboche que tomaram conta do Brasil?

           De São Paulo é que não será. Esse grito exige consciência coletiva, algo que
há muito não existe em São Paulo. Os paulistas perderam a capacidade de mobilização. Não têm mais interesse por sair às ruas contra a corrupção. São Paulo é um grande campo de refugiados, sem personalidade, sem cultura própria, sem “liga”. Cada um por si e o todo que se dane. E isso é até compreensível numa cidade com 12 milhões de habitantes.  Penso que o grito – se vier - só poderá partir das comunidades que ainda têm essa “liga”. A mesma que eu vi em Recife e em Porto Alegre. Algo me diz que mais uma vez os gaúchos é que levantarão a bandeira. Ou talvez os Pernambucanos. Que buscarão em suas raízes a indignação que não se encontra mais em São Paulo.

Que venham, pois. Com orgulho me juntarei a eles.


 Uma breve cronologia do Brasil império até a proclamação da republica.

Principais fatos da História do Brasil Império (Cronologia) 

1822 - No dia 7 de setembro, D.Pedro I, às margens do riacho do Ipiranga em São Paulo, proclama a Independência do Brasil. Início do Brasil Monárquico.
1822 - No Rio de Janeiro, em 12 de outubro, D.Pedro I é aclamado imperador do Brasil.
1823 - Reunião da Assembléia Geral Constituinte e Legislativa do Brasil. A Assembléia foi dissolvida por D. Pedro I que criou o Conselho de Estado.
1824 - No dia 25 de março, D.Pedro I outorga a Primeira Constituição Brasileira.
1824 - O nome oficial do país muda de Brasil para Império do Brasil.
1824 - Ocorre o movimento revolucionário conhecido como Confederação do Equador.
1825 - Início da Guerra da Cisplatina, conflito entre Brasil e Uruguai, que queria sua independência.
1825 - A Independência do Brasil é reconhecida por Portugal.
1831 - Sofrendo pressões, D.Pedro I abdica do trono do Brasil.
1831a 1840 - Período Regencial: Brasil é governado por regentes.
1835 - 1845 - Ocorre a Revolução Farroupilha no sul do país.
1834- Morte de D.Pedro I.
1835 - Revolta dos Malês no estado da Bahia.
1835-1840 - Cabanagem: revolta popular ocorrida na província do Pará.
1837-1838 - Sabinada - revolta regencial ocorrida na Bahia.
1838-1841 - Balaiada - revolta popular ocorrida no interior da província do Maranhão.
1840 - Golpe da Maioridade: D.Pedro II assume o trono do Brasil com apenas 14 anos de idade.
1842 - Revolução Liberal nas províncias de Minas Gerais e São Paulo.
1847 - É instituído o parlamentarismo no Brasil.
1848-1850 - Revolução Praieira, de caráter liberal e federalista, ocorrida na província de Pernambuco.
1850 - Lei Eusébio de Queiróz que proibia o tráfico de escravos.
1854 - O empresário Barão de Mauá, em 30 de abril, inaugura a primeira ferrovia brasileira.
1865-1870 - Ocorre a Guerra do Paraguai: Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai.
1870 - Lançamento do Manifesto Republicano.
1871 - Promulgada a Lei do Ventre Livre.
1872 - Fundação do Partido Republicano.
1882 - A borracha ganha importância no mercado internacional e o Brasil torna-se um grande produtor e exportador.
1885 - Lei dos Sexagenários: liberdade aos escravos com mais de sessenta anos.
1874 - Chegam a São Paulo os primeiro imigrantes italianos.
1888 - No dia 13 de maio, a Princesa Isabel assina a Lei Áurea, acabando com a escravidão no país.
1889 - Em 15 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro, sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca, ocorre a Proclamação da República.

 
Fontes:
Meu grande professor de  geopolítica Luiz Tayllor



Por Luís Junior
Gerente de TI, ogro e nerd em tempo integral.






sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Surdos escravos cegos que não sabem gritar
Por Silvia Schroeder

De Londrina



 “é o homem inteiro que é condicionado ao comportamento produtivo pela organização do trabalho, e fora da fábrica ele conserva a mesma pele e a mesma cabeça.
Cristophe Dejours


Tratava-se de um programa do Discovery Channel que instruía os telespectadores nas melhores técnicas de sobrevivências nas áreas tensas e não urbanas da Irlanda. O maluco explicava – e demonstrava empiricamente – que se encontra disponível na natureza as ferramentas essenciais para se manter vivo. Tudo em diversas formas, cores, modelos e sabores.

A seguir, veio o intervalo tal qual um ardido tapa na cara. Se por um lado somos animais capazes de usar a inteligência para encontrar meios alternativos, nas prateleiras do natural gratuito, para dar continuidade à nossa existência, por outro lado somos capazes de perder tempo a) inventando,  b) produzindo, c) agregando valor e fazendo propaganda de uma escova de cabelo que gira freneticamente e derrete o couro cabeludo para deixar a sujeita linda para um jantar ou em alto estilo para um encontro de última hora. É uma pena que tal utensílio não estimule o processo da neurogênese.

Este abismo ridículo, entre o que somos e o que fingimos ser, exibido de forma tão óbvia em um meio de comunicação em massa e alienante imediatamente me lembrou um sério questionamento que meu irmão mais velho me fazia quando andava distraída: “Você é boba ou quer um milhão”?

A sociedade humana se tornou um burro de carga com uma vara de pescar presa nas costas que segura uma cenoura que jamais será alcançada. Tornamo-nos bobos e inocentemente acreditamos que alcançaremos o um milhão.

O que eu pretendo dizer, deixando TODAS as metáforas de lado, é que nos tornamos os escravos mais idiotas que já pisaram neste grão de areia suspenso em um feixe de luz que pomposamente chamamos de Planeta Terra.

Uma pequena classe dominante construiu um exército de escravos cegos, surdos, mudos e amedrontados e lhes tirou toda a noção de sua própria alienação.

Se tivéssemos uma parcela de consciência de nossa servidão, correríamos feitos loucos atrás de um pedaço de papel? Papel, este, que só tem valor por consentimento de todos os escravos e que nunca será em quantia suficiente para uma carta de alforria.

Caso notássemos claramente o quanto não mais nos pertencemos, concordaríamos em nos vendermos diariamente em um trabalho maçante e repetitivo?

Iríamos simplesmente nascer e crescer de cabeça baixa apenas para produzir e consumir sem critérios de real necessidade?

Obedecemos sem saber por que o fazemos. Voluntariamo-nos para esta vida terrível e cremos piamente que não há alternativas para outra forma de configuração social. Jura? Orgulhamo-nos tanto de nossa evolução social e assumimos que está bom para todo mundo. A verdade está no extremo oposto desta afirmação.

Sinceramente não me importará que digam que se trata de uma revolta típica da juventude, pois a resposta virá com um triste pesar: minha geração tem preocupações mais sérias do que a condição humana como, por exemplo, o status que lhes trarão uma calcinha bege cravada de diamantes africanos recolhido por um minerador europeu com um olho diferente do outro – ainda que Bowie cantasse a eles antes de dormir...

Espero, igualmente, que jamais morra em mim a indignação frente à maldade que impetram a tantos seres humanos, condenando-os à fome, ao frio e a humilhação. E que jamais esqueça que o que nos dizem felicidade é apenas um osso roído jogado para nós debaixo da mesa.

Não sou marxista, comunista, capitalista ou malabarista, desejo apenas que a hipocrisia de que este é o mundo ideal seja deixada de lado, no mínimo e apenas para começar.

Mas no fim das contas, se tudo der errado e zumbis fundamentalistas do oriente tretarem com zumbis fundamentalistas arrogantes do ocidente, eu corro para as colinas e faço uma fogueira usando dois gravetinhos.




segunda-feira, 12 de setembro de 2011

De Socrates a Osama Bin Laden: A vitória do caos


Quem possui a verdade?
  Por Antonio Siqueira
  
  Do Rio de Janeiro


As ultimas duas horas do WTC




      













     

       Eram 08h45min (10h45min no Rio de Janeiro) de uma terça-feira ensolarada em Nova Iorque e cinzenta no Rio de Janeiro. Exatamente 10 minutos depois do despertar deste que vos escreve, Carlos Nascimento, ex ancora do telejornalismo ‘global’, tentava manter o equilíbrio narrando em transmissão simultânea com a Globonews que “um bimotor” havia se chocado na torre sul do Word Trade Center, o maior símbolo do capitalismo mundial e orgulho nacional dos estadunidenses. Obviamente que era um Boeing com todos os seus tanques de combustível lotados para viagens domésticas com grandes distancias. Dezoito minutos depois, a minha caneca de café, sorvida com direito justo de quem estava de férias em sua cama, tremeu. Um segundo avião se chocaria na torre norte e com ele a certeza de que os Estados Unidos da América, a nação mais poderosa do mundo estava sendo atacada em seu território e pela primeira vez na história desde a criação da sua extensa federação. Antes das dez da manhã, um terceiro avião era atirado sobre o Pentágono, o coração do poder militar do império estadunidense.


       Outro avião cairia na Pensilvânia; os passageiros lutaram contra os terroristas e conseguiram evitar que este fosse jogado em cima da Casa Branca. Em meia hora, a conta de toda essa barbárie, as desconfianças pairavam entre personagens que, de fato, financiaram por anos terroristas no mundo inteiro, como Muahmar Kaddafi e Sadan Hussein. Porém, tratava-se de um ataque terrorista liderado pelo então milionário saudita Osama Bin Laden, em poucos dias, mais e mais pistas evidenciavam essa teoria. Com o crescimento das pistas, aumentaram também a crença por parte de toda população de que realmente se tratava de um grande atentado. O humor do mundo mudaria muito e o meu também.

        Pessoas morrem todos os dias vítimas de atentados terroristas pelo mundo, que o digam Israel e os territórios Palestinos, ou nos demais países de conflitos étnicos ou religiosos como na África. A questão é que o referido atentado ocorreu na maior potência militar do planeta, no quarto íntimo da Inteligência Militar norte-americana (Pentágono) e no quintal de sua economia (World Trade Center). Dimensionar isto apenas do aspecto da destruição física é impossível e inocente. Dez anos se passaram. Especulou-se, conspirou-se muito, caçaram Osama Bin Laden e a Alqaeda pelo mundo inteiro. Dez anos se passam como se fosse um cochilo. O mundo não ficou mais perigoso depois desses atentados; O mundo sempre foi muito perigoso! As cortinas da hipocrisia é que se rasgaram com a queda das torres gêmeas e a morte de quase 3000 inocentes.

       Gastaram dez trilhões de dólares em duas guerras declaradas, criaram a grande fábula da armas de destruição em massa, sucatearam ainda mais o Afeganistão, arrasaram o Iraque e seu povo, mataram Sadan Hussein em cadeia internacional. Prendeu-se, perseguiu-se... Os EUA mergulharam na maior crise financeira da sua história por conta dos esforços de guerra insanos de George W Bush, James Hamsfeld e Dick Cheney. Nunca se ganhou tanto dinheiro com a produção de armas nos EUA nesta ultima década, nem nas duas grandes guerras. Bin Laden foi morto há alguns meses no Paquistão e tornou-se um ícone cultural. É como se a cultura de massa fosse um liquidificador que mistura todos os personagens que a mídia traz a tona, de qualquer ótica, e em certa medida torna todos eles iguais. Parece que pouco foi tirado da lição desses eventos, a não ser uma "otimização" acelerada em termos de tecnologia de segurança que hoje ultrapassam as centenas.

      Michel Moore dirigiu e produziu em 2004, um dos melhores documentários do cinema, o aclamado Fahrenheit 11 de Setembro onde, num trabalho jornalístico notável fala sobre as causas e conseqüências dos atentados nos Estados Unidos, fazendo referência à posterior invasão do Iraque, liderada por esse país e pela Grã-Bretanha. Além disso, tenta decifrar os reais alcances dos vínculos que existiriam entre as famílias do presidente Bush e a de  Bin Laden.

      Provar que algumas evidências são incoerentes é uma tarefa difícil, pois o acesso ás informações é limitado e a mídia é monopolizada. Logo, quem possui o poder, possui a “verdade”. Anos após essa catástrofe, não se fala muito no assunto, alguns insistem em defender os EUA e criar todo um discurso contra o terrorismo, outros colhem as informações possíveis e defendem piamente a tese que tudo não passou de uma armação.

      A proposta desse texto não é acusar ou defender nenhum dos dois lados no que se refere ao dia 11 de setembro de 2001. A intenção é mostrar que nem tudo é o que parece ser. Que a verdade muda dependendo do ponto de vista e que em geral a história é contada por vencedores, por aqueles que detêm o poder, então é simples modificá-la e adaptá-la para benefício próprio.

      Com isso, fica a proposta para que cada ser humano não aceite a verdade pronta, que questione a história, os noticiários e que quebrem paradigmas sem medo. Quando assumirmos uma postura semelhante à de Socrates quando disse “Só sei que nada sei" certamente estaremos mais próximos daquilo que pode vir a ser a verdade. Até o presente momento, Osama Bin Laden é o grande vitorioso.


* Antonio Siqueira é articulista, musico e critico de arte



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A ética Vogoniana e o espírito da Burocracia


Por Silvia Schroeder
De Londrina



“Um POP é alguma coisa que não podemos ver, ou não vemos, ou nosso cérebro não nos deixa ver porque pensamos que é um problema de outra pessoa. É isso que POP quer dizer: Problema de Outra Pessoa. O cérebro simplesmente o apaga, como um ponto cego. Se você olhar diretamente para ele, não verá nada, a menos que saiba exatamente o que é” (O Guia dos Mochileiros da Galáxia)


       Uma das mentes mais brilhantes que pensou por essas bandas do sistema solar nos deu uma boa visão de burocratas por excelência. Se você, meu caro leitor, pensa que estou falando a respeito de Max Weber e os funcionários do DETRAN, está enganado. Eu falo de Douglas Noël Adams e os vogons.

      O Guia dos Mochileiros da Galáxia nos esclarece que os Vogons não chegam a ser malévolos, mas são “mal humorados, burocráticos, intrometidos e insensíveis. Seriam incapazes de levantar um dedo para salvarem suas próprias avós da terrível Besta Voraz de Traal sem antes receberem ordens expressas através de um formulário em três vias, enviá-lo, devolvê-lo, pedi-lo de volta, perdê-lo, encontrá-lo de novo, abrir um inquérito a respeito, perdê-lo de novo e finalmente deixá-lo três meses sob um monte de turfa, para depois reciclá-lo como papel para acender fogo”.
      Douglas Adams em sua infinita ironia genial personificou as piores características da burocracia nestes personagens alienígenas. Eles são capazes de complicar as operações mais simples, dificultar a resolução dos problemas mais bobos e se sentirem profundamente satisfeitos com isso. Muito parecido com o que acontece nesta rocha flutuante coberta de água que chamamos de Planeta Terra.
Obviamente, como estagiária na função administrativa em um órgão municipal, posso afirmar que nem todos os servidores públicos são burocratas malévolos prontos pra negar algum pedido, simplesmente para complicar a vida de alguém. Tampouco os funcionários da iniciativa privada que executam os atos burocráticos, são seres das venenosas profundezas do mar sem fim. Não, eles são apenas vítimas do sistema, assim como os usuários deste.

      Em seus estudos Max Weber desenvolveu o conceito de Burocracia, que consiste basicamente – e quando eu digo básico, é básico mesmo – na prévia definição do funcionamento de todas as rotinas de uma determinada instituição de forma racional e impessoal. Para Weber a burocracia era um negócio bacana que por conta da sua característica racional intrínseca ia gerar muitos benefícios. E pra todo mundo.

      Na prática a coisa não funciona bem assim. O que era pra ser o caminho se tornou o ponto de chegada, isto é, se a burocracia, a princípio, surgiu como um meio para se atingir uma finalidade, hoje em dia o que mais se vê é a burocracia sendo o fim – no sentido de finalidade e também especificando o estado em que se encontra a paciência de suas vítimas.
     Se a realidade é feita de contradições é por que ela funciona melhor assim. Toda tese precisa de sua antítese e a síntese não séra uma sociedade perfeita, mas algo “menos pior”. A burocracia precisa ser substituída por algo “menos pior”. E urgentemente.
      Para os desesperados de plantão, enquanto aguardam uma declaração, certidão ou qualquer uma dessas chatices, contemple a única coisa pior do que a burocracia: Poesia vogon.


"Ó fragúndio bugalhostro, tua micturição é para mim
Qual manchimucos num lúrgido do mastim
Frêmeo implochoro-o, ó meu perlíndromo exangue
Adrede me não apagianaste e crímidos dessartes?
Ter-te-ei rabirrotos, raio que o parte!"