terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A versão vagabunda do Pacto de Varsóvia


Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro

O Brasil é apenas uma peça do tabuleiro






















Descobri, há bom tempo, que o Partido dos Trabalhadores tem conceitos próprios sobre democracia e Estado de Direito. Para o PT, democracia é algo que só acontecerá quando ele, partido, exercer a hegemonia e controlar todos os instrumentos do poder. Enquanto isso não se concretiza plenamente, o PT vai manipulando os meios que o regime vigente propicia ao curso de seu projeto.

Graças a isso, o partido conseguiu não ser apenas o PT. Ele é o PT e mais um vasto conjunto de corpos sociais que gravitam ao seu redor. São sindicatos e centrais sindicais; instituições culturais e de ensino; movimentos sociais e grupos minoritários que ele transforma em grupos de pressão a seu favor; grêmios estudantis, diretórios, centros acadêmicos e uniões de estudantes; partidos políticos sem anticorpos contra o uso de recursos públicos; organizações não governamentais; entidades relacionadas às políticas de gênero, ligas pró-aborto e defensoras da liberação das drogas; igrejas e órgãos de peso como a CNBB e a OAB que, convertidos ao rebanho, se entregam à alcateia. Ah, e os conselhos capturados pelo PT! Eles se revelam tão úteis que o partido, agora, pretende “empoderá-los” (coisas da novilíngua petista…) em todo o aparelho estatal federal. A isso e a outro tanto que resultaria exaustivo relacionar, juntam-se, sempre que necessário, organismos e instituições internacionais de isenção mais do que duvidosa.

Para o PT, democrática é toda manifestação desse grupo aí acima. Democrático é o que faz cada tentáculo seu. Ouvi-los, para o PT, é ouvir o povo. E quem o nega passa a ser tratado como cordeiro intrometido no riacho do lobo, acusado das piores ações e intenções.

Tão estranho quanto a democracia petista é o “Estado de Direito” petista. Nele, Direito é o que o partido quer. Por bem ou por mal. Perguntem ao companheiro João Pedro Stédile que, nesses assuntos, fala pelo partido. E Estado de Direito é algo que vai até onde o PT quer. Por bem ou por mal. Sobre essa parte conversem com o companheiro Gilberto Carvalho. O Estado Direito petista é moldável e elástico segundo suas necessidades. Procurem um pouco e não será difícil encontrar por aí traços comuns aos três totalitarismos do século passado.

Mas no jogo que o PT joga, o Brasil é apenas uma peça do tabuleiro. O jogo tem pretensões maiores. Começou em 1990 com o Foro de São Paulo, promovendo uma convergência multifacetária da esquerda na América Latina e desaguou na União das Nações Sul-Americanas, criada em 2006. Em mais recente estágio, no dia 5 de dezembro, em Quito, com a presença de Dilma, esse organismo, que congrega os países do continente, decidiu criar um programa de formação de quadros militares.

Trata-se da Escola de Defesa, que tem dois objetivos explícitos: produzir uma unidade interna que elimine possíveis conflitos intrarregionais e fortalecer a América do Sul contra o inimigo externo, vale dizer, contra o inimigo ianque. Procure no Google por Unasul e por “Escola de Defesa” (em espanhol e em português), e encontrará informação suficiente. Esse estrupício foi instituído pelo bloco para que o conjunto das Forças Armadas de todos os países componham algo que outra coisa não é senão uma versão vagabunda do Pacto de Varsóvia.


segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A Petrobras Assaltada

Por Antonio Siqueira



@image_sponm


























A imagem pública de uma empresa é essencial para sua valorização, claro, e para sua atuação no campo econômico capaz de traduzir seu êxito no campo financeiro. Exatamente ao contrário do que os escândalos que invadiram a Petrobrás estão causando à principal empresa brasileira, inclusive atingindo sua reputação no exterior. Em termos de comunicação e repercussão esses escândalos, comprovados pelos fatos e confissões reveladas por acusados, superam de muito as subtrações de recursos monetários decorrentes de superfaturamento em sequência impressionante.

Provavelmente a soma de múltiplos fatores, sequência veloz que começou com os superfaturamentos e foi se agravando numa escalada impressionante de acontecimentos. Compras à base de preços muito acima do mercado, locações de plataformas e serviços por cifras altíssimas, até assinatura de contratos em branco aconteceu. A Petrobrás foi ocupada por uma desordem criminosa que alcançou o país como um todo. O destino da estatal está agora totalmente nas mãos do governo, que também joga seu destino tanto no êxito das investigações e no julgamento dos denunciado , quanto na urgente recuperação da própria Petrobrás.

Pois não é possível que um dos grandes símbolos brasileiros, construída através de uma sucessão de desafios, desde sua criação em 53 pela Lei 2004, e sua entrada em funcionamento no ano seguinte, ainda no governo Vargas, permaneça exposta a uma desvalorização acentuada, o que, por seu turno, termina contribuindo para sua imobilização. Não há como uma empresa submersa pelas ondas causadas por ações ilegais possa seguir em frente como se nada acontecesse. Não há como. Logo o triplo desafio se coloca à frente da presidente Dilma Rousseff, à frente do Palácio do Planalto, à frente do país como um todo.

Não será tarefa fácil superar a crise que explodiu. Mas pior será se não houver medidas urgentes em sentido contrário. A inércia marca a passagem de um tempo que, no fundo, volta-se contra o governo e contra a nação. O governo necessita tomar iniciativas de peso que fortaleçam sua estrutura e refortaleçam a estrutura da empresa. Não há outra saída. O Poder Executivo não pode deixar, por omissão, a Petrobrás submergir na margem da desordem e das sombras dos crimes praticados. Ela tem que voltar à superfície e assim sobreviver à tempestade.



quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O assistencialismo corrói a identidade de um povo

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




@image_lairson



















O assistencialismo, na prática política, é muito danoso para toda a sociedade. Para a população carente, se apresenta como uma dádiva. Fato que revela cruel impostura, posto que o direito da população lhe é apresentado como uma benevolência, um ato de favor.

A pobreza no Brasil é explorada como objeto para a caridade e não como consequência de direitos violados. Mascara os problemas sociais e permite a presença do fisiologismo e da demagogia na relação com os eleitores.

Contribui, ainda, num processo perverso, para a falta de organização nas camadas sociais menos favorecidas, o egocentrismo e a não conscientização política do povo, mantendo-o no obscurantismo e alienado. Não soma para que o povo desenvolva uma massa crítica, a partir da informação e conscientização política.

Os partidos e políticos que praticam o assistencialismo, na realidade, cometem uma fraude contra a sociedade na medida em que, apropriando-se da ineficiência do Estado na consecução das suas responsabilidades e atividades constitucionais, ocupam o espaço “prestando o serviço” e locupletando-se eleitoralmente disto, quando, na verdade, deveriam estar atuando politicamente no fortalecimento do Estado para que este tenha as condições necessárias para cumprir a sua tarefa institucional, suprindo as carências da população e universalizando o direito ao bem estar social.

E quais são esses políticos? São aqueles que criam os tristemente famosos “Centros ou Serviços sociais” com ambulâncias, creches, ambulatórios e distribuem cimento, tijolo, dentaduras, óculos, camisas para times de futebol e outras “benesses”. Tudo isso tem um preço. E é pago, e muito caro, pela própria população, sem saber. Porque do bolso do político assistencialista é que o dinheiro não sai.

O financiamento privado de campanhas políticas é um grande foco de corrupção no país, na medida em que os financiadores terão a reciprocidade dos eleitos, na forma de atos administrativos, benefícios fiscais, projetos, obras, contratos e outras decisões que os irão privilegiar, em detrimento dos interesses públicos do conjunto da população, em face da incompatibilidade entre os interesses de ambos os grupos.

E, certamente, para dar fim a esse modelo de politicagem pernicioso, decisões muito além de leis, normas, fiscalizações da Justiça Eleitoral, prestações de contas ou mesmo o financiamento público das campanhas, são necessárias para se obter efetividade no saneamento da área política

É preciso dar informação e conhecimento ao conjunto da sociedade para que haja a formação de uma consciência política, moral, ética, e responsável, permitindo ao cidadão e eleitor desestimular essas práticas assistencialistas com atos consequentes e voto qualificado. Não são campanhas publicitárias ou discursos utópicos que irão criar um ambiente político responsável. É o investimento no cidadão, na sua educação e formação cívica e na conscientização da importância do exercício livre da cidadania. Isso tudo só acontecerá com profundas mudanças na orientação dos investimentos públicos para que beneficiem a população, permitindo acesso à informação e a condições de vida com dignidade e autoestima elevada.

Para concluir, convém resgatar Rousseau, que no Pacto Social observa que “o homem abdica da sua condição natural de liberdade para viver em sociedade, e sob a sua proteção. Mas, a sociedade organizada em Estado, e este, sem realizar a sua função precípua, violenta e escraviza o homem, trazendo a sua infelicidade. Assim , precisa o Estado fazer valer o seu poder, variando a forma conforme as condições, para resguardar os direitos subjetivos do cidadão, perfazendo o bem comum e promovendo a paz social.”

sábado, 29 de novembro de 2014

Presidencialismo de Corrupção e Clientelismo


A Grande Feira do Ministério Petista 


Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro



presidencialismo vira-latas
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           










Chega a ser patético o noticiário em torno dos novos ministros da presidente Dilma Roussef. Politicos tratam do assunto como se estivessem escalando times de futebol para disputar uma “pelada”, ou, então, escolhendo pizza na lanchonete. É um verdadeiro deboche com a população, que deveria e merecia ser a mais ouvida e beneficiada com as escolhas.

Os jornais informam que determinado ministro precisa ser mantido, porque pertence “à cota do vice-presidente Michel Temer”. A televisão revela que o fulano será escolhido porque  é exigência do partido tal.  Colunistas garantem que beltrano vai permanecer no cargo porque o partido dele tem bancada forte.

A mídia também faz especulações em torno de políticos derrotados nas urnas, mas que poderão ser agraciados. Motivo: pertencem á base do governo ou são amigos do peito do Palácio do Planalto. Coitadinhos, não podem ficar na chuva. Ou seja, quem tem padrinho forte não morre pagão.

Por fim, permanecem duas perguntas, dentro deste presidencialismo corrupto, safado e viciado; Quando, finalmente, anunciarão ministros que trabalharão para solucionar os  imensos problemas que afligem os brasileiros? Ou então: quando os ministérios passarão a ser escolhidos e conhecidos como legitimas cotas do cidadão?



terça-feira, 18 de novembro de 2014

É preciso TEMER o filho do capeta

Michel Temer é o corvo plantonistas das desgraças do PT

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro


O cão chupando manga





















Há alguns dias atrás, minha amiga e amiga deste blog, a advogada Yara Maria Ferreira, revelava seu "pavor" ante a pesssoa do vice-presidente Michel Temer. Citava as feições diabólicas do político oportunista da camabada pemedebista. Criatura fisiológica e carniceira, Temer aguarda ávido a derrocada de Dilma. Por "morte política" ou "natural"; Temer é um corvo! uitíssimo bem observado pela notável Yara, hoje curtindo férias merecidas em Paris.

Quando a presidente Dilma Rousseff foi reeleita, dia 26, quem mais comemorou e vibrou foi e ste vice-presidente Michel Temer. Pela primeira vez, ele sentia realmente que o destino estava a seu favor, pois chegar à Presidência da República era apenas uma questão de tempo. Semana passada, ao assumir inteiramente o cargo na viagem de Dilma ao Qatar e à Austrália, Temer então se sentiu inteiramente à vontade no Planalto, assinando atos administrativos, recebendo autoridades e políticos, uma verdadeira festa.

Desde então, o vice-quase-presidente tem dado sucessivas entrevistas. E não escolhe assunto. Já falou sobre a escolha dos novos ministros e fez questão de dizer que a melhor solução seria escolher um “homem de mercado” para substituir Guido Mantega e aumentar a credibilidade do governo.

Nesta segunda-feira, já no final da interinidade, Temer continuou dando entrevistas. Desta vez, afirmou que o governo não se abala com as recentes investigações da Operação Lava Jato, assinalando que as prisões de presidentes das empreiteiras não podem ser usadas para paralisar as obras contratadas junto ao governo federal.

Vamos conferir as palavras exatas de Temer, segundo a transcrição da repórter Mariana Haubert, da Folha, que lhe perguntou como estava o clima no Planalto, diante do agravamento do escândalo da Petrobras.

“Tranquilíssimo. Não apenas tranquilo como incentivando [as investigações]“, disse Temer ao sair do seminário pelo Pacto da Boa Governança, promovido pelo Tribunal de Contas da União, em Brasília. “Você sabe que tem a competência da Polícia Federal de um lado, o Ministério Público de outro, e o Congresso Nacional fazendo sua parte com a CPI, de modo que o governo está tranquilíssimo. Todas as palavras da presidente e de todos os órgãos do governo são no sentido de incentivar as investigações”, acrescentou.

Para disfarçar a euforia, Temer ressalvou que as recentes investigações não comprometerão a gestão da presidente da Petrobras, Graça Foster, e não devem ser motivo para paralisar as obras em andamento sob responsabilidade das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção.

Na verdade, quem está tranquilíssimo é apenas ele, que está dando um jeito de sair ileso da tormenta que atinge o Planalto. Como experiente advogado e professor de Direito, Temer já traçou a linha de defesa a ser adotada pelo PMDB, de modo a excluir o partido das irregularidades. Por isso, voltou a negar que Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, tenha sido operador do partido no esquema articulado dentro da Petrobras.

“Ele não tinha relação nenhuma com o PMDB. Ele pode ter relação eventualmente com um ou outro membro do PMDB, mas institucionalmente jamais houve qualquer operador do partido”, disse.

Ou seja, na visão dele, se algum parlamentar ou ministro do PMDB aceitou propina, o problema é dele, não do partido.

A estratégia de Temer, como se vê, parece perfeita, mas depende de Fernando Baiano continuar sumido. Se a Polícia Federal colocar as mãos no operador do PMDB (que não tem dupla cidadania) e ele fizer delação premiada envolvendo o partido, quem também estará incriminado será o próprio Temer, que presidia o PMDB na época em que o esquema de corrupção foi montado.

E se Dilma e Temer sofrerem impeachment, lembrem-se do que a Constituição determina, porque quem assumirá o poder será Eduardo Cunha, como presidente da Câmara. E lá nave va, completamente desgovernada, à matroca, como dizem os marítimos. Que situação, hein?

sábado, 15 de novembro de 2014

O Golpe do dia 15 de novembro de 1889

Por Antonio Siqueira - Do Rio de janeiro



Deodoro era monarquista: 
Tela de Benedito_Calixto_-_Proclamação_da_República,_1893



















Na madrugada de 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca ardia de febre em sua casinha de três quartos e sala, numa transversal do Campo de Santana, depois Praça da República. Dias antes havia recebido uma comissão de ilustres republicanos empenhados em aliciá-lo para a causa, mas opinara que a mudança do regime só deveria acontecer após a morte do Imperador. Era amigo pessoal de D. Pedro II.

Na noite anterior dois regimentos e um batalhão aquartelados em São Cristóvão tinham-se rebelado, ocupando o Campo de Santana, bem defronte ao prédio do Ministério da Guerra. Seus oficiais queriam a destituição do primeiro-ministro, Visconde de Ouro Preto, acusado de pretender dissolver o Exército, força cada vez mais influente depois da Guerra do Paraguai.

Os insurgentes, com seus canhões apontados para o ministério, onde estavam reunidos os ministros, ressentiam-se da presença de um chefe de prestígio. Alguém lembrou que quadras adiante morava Deodoro, posto em desgraça e mandado para a reserva por desavenças com Ouro Preto. Conta a lenda que a mulher do marechal recebeu os emissários com um cabo de vassoura na mão, tentando impedir que perturbassem o marido. Deodoro os recebeu e ouviu os boatos da hora: a ordem de sua prisão estava assinada, além da dissolução do Exército, que a Guarda Nacional substituiria. Irritado, com a febre aumentada, fardou-se, disposto a chefiar o motim. Estava fraco, não conseguiu montar o cavalo posto á sua disposição, embarcando numa charrete que, passando pela avenida do Mangue, seguiria para os quartéis em São Cristóvão. No meio do caminho é surpreendido por tropa armada, até com banda de música, que iria aderir aos sediciosos. Faz meia volta e dirige-se ao prédio do ministério da Guerra.

Ouro Preto e seus ministros olhavam pela janela a movimentação dos canhões rebelados, tendo o primeiro-ministro convocado o Secretário-Geral do Exercito, marechal Floriano Peixoto, comandante das forças legalistas, por sinal acantonadas na parte de trás do ministério. Apontando para os canhões, ordenou que fossem tomados a baioneta pela tropa a seu dispor. Diante das ponderações sobre dificuldades, afirmou que no Paraguai, em condições mais adversas, “as peças inimigas haviam sido conquistadas com arma branca.

Floriano, fleugmático, sentenciou o que aconteceria minutos depois: “É, mas lá nós lutávamos contra paraguaios…

Deodoro chegou aos portões do ministério, exigiu que fossem abertos e já montado num cavalo baio, irrompeu pelo páteo e as escadarias, cercado pela tropa rebelada que gritava “Viva Deodoro! Viva Deodoro!”

O movimento, no entender do velho militar, visava a deposição de Ouro Preto. No gesto característico de seu comando no Paraguai, ele tirou várias vezes o boné, saudando os companheiros, e gritando “Viva o Imperador! Viva o Imperador!

Subiram ao andar onde estava reunido o ministério, misturado com os republicanos históricos, alertados para a oportunidade. Ouro Preto não se levanta e escuta as queixas de Deodoro sobre a perseguição ao Exército. A febre aumentara e o marechal repetia diversas vezes o argumento de que “nós que nos sacrificamos nos pântanos do Paraguai não merecermos isso”.

Arrogante, pretensioso e elitista, Ouro Preto o interrompe para dizer: “olha aqui, marechal, maior sacrifício do que fizeram nos pântanos do Paraguai estou fazendo eu aqui ao ouvir as baboseiras de Vossa Excelência!

Passaram-se poucos segundos antes que Deodoro repetisse tradicional frase castrense: “esteja todo mundo preso!”

De Benjamim Constant a Quintino Bocauiúva, Aristides Lobo, Rui Barbosa e outros republicanos que caberiam numa kombi, se kombis já existissem, veio a tentação para que Deodoro aproveitasse o episódio e proclamasse a República. O militar hesitou mas cedeu ao argumento de Benjamin Constant: “e mais, marechal, a República terá que ser governada por um ditador, e o ditador é o senhor!”

Dizem que a febre passou e os olhos de Deodoro se arregalaram. A tropa vitoriosa empreendeu um desfile pela rua Larga e adjacências. Deodoro voltou para casa, caiu em sono profundo e os republicanos trataram de redigir os primeiros decretos da recém nascida República. À tarde, foram à casa do marechal, que pretendeu dar o dito pelo não dito, ou o proclamado pelo não proclamado, mas cedeu aos apelos da multidão organizada por José do Patrocínio na porta de sua casa.

A República estava nascendo. O Imperador, que naquela manhã havia descido de Petrópolis, de trem, permaneceu na Quinta da Boa Vista, onde recebeu ordens para exilar-se, com a família. Militares mais exaltados haviam proposto que fossem todos fuzilados, mas Deodoro reagiu com vigor, ainda mandando que fosse votada uma verba para família real sustentar-se lá fora. D. Pedro II declinou…




terça-feira, 11 de novembro de 2014

Para quê dizer mais?

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro





A "fina flor" da escória das Elites Estatais.
Dilma herda pela segunda vez um legado tirano

























A mais perversa das elites é a elite estatal. Ela quer que você compre um carro e diga: “Obrigado, governo. Como você é bondoso!”. Faça uma faculdade e diga: “Obrigado, governo. Eu te devo essa!”. Suba na vida e diga: “Obrigado, governo. Eu não seria nada sem você!”. Ela sequestra seu pensamento e inverte a lógica da vida social, fazendo parecer que você serve ao governo _ e não o contrário.

O protagonismo das pessoas é substituído pelo protagonismo do aparato estatal. Embalada no glamour da luta de classes, essa elite se apresenta como monopolista da justiça. Como se o dinheiro dos impostos, que subsidiam absolutamente todos os beneplácitos estatais, não viesse da própria sociedade. Como se o Estado, ele mesmo, gerasse riqueza e desenvolvimento.

A história é repleta de exemplos de elite estatal, à direita e à esquerda _ na América Latina, recentemente, esse último exemplo é mais vasto. Mistura supremacia coronelista com populismo assistencialista. Discursa para um lado e, com os seus, age para o outro. Enriquece nas barbas do poder. E legitima tudo em nome de um fim supostamente elevado.

É uma elite que verbaliza amor aos pobres, desde que estejam a seu serviço. Que prega integração dos negros, desde que julguem conforme seus interesses, sem trair a “causa”. Que quer conciliação, desde que ganhe as eleições. Que defende liberdade de imprensa, desde que os critérios disso sejam definidos por seus conselhos.

A elite estatal quer fazer crer que ela é o próprio bem. Quer substituir-se à ética universal. Quer que você se sinta em débito, creditando-a como um instrumento de solidariedade. Quer posicionar-se como indispensável até mesmo no ambiente privado. Se deixar, quer até mesmo dizer como você deve educar seus filhos. Quer que você devolva algo que simplesmente é seu, por direito natural e constitucional.

Não deixe que ninguém roube seus méritos e seu protagonismo. Nenhum partido é dono do seu destino. Nenhum. Quem faz acontecer são as pessoas, não o governo. Libertar-se dessa culpa social é um passo importante para evoluir. É o antídoto para evitar uma nação politicamente amorfa e culturalmente refém.


*O título deste artigo foi dado pelo meu querido sogro, Osvaldir Silva. amigo e colaborador deste blog.



segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Liberdade de Imprensa e vigarice petista

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro



Lula e o PT odeiam a imprensa livre



























Domingo passado, enquanto os brasileiros iam às urnas, a internet fervilhava com o boato de que o doleiro Alberto Youssef morrera envenenado e a notícia estava sendo adiada até o final da votação. A boataria era tão forte que a própria Polícia Federal teve de desmentir a falsa notícia, divulgando uma foto de Youssef na cama do hospital, fora da UTI. E a psicóloga Kemelly Youssef, filha do doleiro, deu uma entrevista reforçando o desmentido da PF e anunciando que seu pai estava recuperando bem a saúde.

A preocupação com a saúde de Youssef é procedente. Embora já tenha prestado praticamente todas as informações necessárias para devassar o esquema montado pelo governo na Petrobras para subornar os parlamentares dos três principais partidos da base aliada (PT, PMDB e PP), é importante que ele permaneça vivo e em condições de esclarecer qualquer dúvida, especialmente sobre o conhecimento que o ex-presidente Lula e sua sucessora Dilma tinham a respeito da corrupção na estatal.

A saúde de Youssef é particularmente importante, porque Dilma Rousseff “ganhou” e agora terá de vencer também as acusações do doleiro, que podem conduzir ao impeachment dela.

Em meio a esses escândalos, surgiram as surpreendentes novidades desta eleição, estabelecidas pelo ministro Dias Toffoli, que só chegou ao Supremo e ao Tribunal Superior Eleitoral por ser petista, amigo íntimo do ex-ministro José Dirceu e do ex-presidente Lula.

A primeira inovação foi o cancelamento dos testes de segurança nas urnas eletrônicas. E a oposição não protestou, nada, nada. O candidato Aécio neves em nenhum momento da campanha eleitoral levantou esse importante assunto, que no entanto foi profundamente discutido aqui na Tribuna da Internet, inclusive houve uma grave advertência do jurista Jorge Béja a esse respeito.

Depois, a apuração secreta das eleições, que jamais havia ocorrido no país. Ou seja, o resultado das urnas sem teste foi computado pela Justiça Eleitoral sem efetivo acompanhamento dos fiscais dos partidos, e o resultado só foi divulgado quando confirmada a vitória da candidata da situação, e por vantagem mínima, certamente para não dar na vista.

Traduzindo tudo isso: estamos num país com os três Poderes apodrecidos, onde decididamente não se pode confiar na Justiça.



Vigarice intelectual medíocre





domingo, 2 de novembro de 2014

Vergonha!

PT e Luiz Eduardo Greenhalg já sabiam da vitória
Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro


A fraude não passou despercebida ao internauta Dárcio Bracarense



























Infelizmente, vergonhosamente, desgraçadamente, está confirmada a fraude nas eleições. O PT sabia da vitória antes de Dilma Rousseff passar Aécio Neves na apuração e já anunciava ao Brasil o resultado, às 19h35, quando havia sigilo total sobre a apuração e os “técnicos” da Justiça Eleitoral ainda estavam trancados na “sala secreta”, à qual nem mesmo os ministros do Tribunal Superior Eleitoral tinham acesso, por proibição baixada pelo presidente do TSE, o assumidamente petista Antonio Dias Toffoli.

A matéria da Agência PT é impressionantemente precisa, porque indica o percentual final de votos de Dilma: 51,57% dos votos. Um erro de apenas 0,7%, ou seja, precisão de fazer inveja a qualquer “instituto de pesquisa. E não dá para negar, está lá no site do PT; http://www.pt.org.br/dilma-reeleita/

Como todos sabem, o primeiro resultado das urnas só foi anunciado após as 20 horas. Como o PT poderia saber da “virada” de Dilma, muito antes de isso acontecer, pois a postagem dos aloprados, para o Brasil e o mundo, repita-se ad nauseam, ocorreu às 19h35m?









































E não é só isto. A Veja publica em seu site, na coluna de Felipe Moura Brasil que o dirigente petista Luiz Eduardo Greenhalg também adiantou a “vitória”, alardeando-a em sua conta no Twitter e no Facebook na noite de domingo, 26 de outubro, durante a apuração do segundo turno das eleições presidenciais, às 19h26m, antes mesmo da apressada e reveladora divulgação pelo site oficial do Partido dos Trabalhadores.

Não mais há como negar a fraude. Os próprios petistas a admitiram. A certeza da “vitória” e a pressa em divulgar a façanha acabaram por revelar toda a trama, que já era evidente, mas faltavam provas consistentes, e agora o próprio PT e seu dirigente Greenhalg as apresentam a todo o país.

Detalhe: É importante cotejar as informações com a curva da apuração, para deixar bem claro que o PT jamais poderia saber da vitória, com antecedência. Seria impossível, se não houvesse fraude, porque os “técnicos” estavam trancados na “sala secreta” de Toffoli e proibidos de portar celular.

A verdade é que Dilma só passou à frente de Aécio às 19h32, com 88,9% do total apurado. Como Greenhalgh podia ter certeza às 19h26min que Dilma estava reeleita, se ela só passou à frente de Aécio 6 minutos depois, às 19h32min? Como o Planalto podia saber o total de votos de Dilma, uma hora antes do resultado final? Sabia, porque tinha o chamado domínio do fato.

Lula disse que ninguém podia imaginar o que o PT faria para vencer as eleições. Agora, podemos.

sábado, 1 de novembro de 2014

E assim será!

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro


Você acredita em urna eletrônica?















Conhecidos os resultados da eleição  formal, muda alguma coisa no país real?  Nem pensar. Desfizeram-se desde as 17 horas de ontem, encerradas as urnas, sonhos e promessas ilusórias. Nem as filas  e o péssimo atendimento nos hospitais públicos desapareceram, muito menos 4 mil creches brotaram do chão, sequer o sofrível ensino público mudou por passes de mágica ou os salários dos professores tornaram-se compatíveis com a dignidade de cada um deles. Quantos eleitores, ao voltar para casa, foram assaltados por flanelinhas e flanelões? Diminuíram os frequentadores das bocas de fumo, motorizados ou a pé, comprando drogas de diversas espécies?  As cracolândias se esvaziaram nas grandes e nas pequenas cidades? Mudaram os canteiros de obras públicas paralisadas no país inteiro?

Não teria fim o desfiar do rosário de carências nacionais, com ênfase para os ladrões de colarinho branco que votaram com arrogância  nos seus preferidos. O Brasil é o mesmo, depois da temporada de ilusões verificada no período pré-eleitoral.

É nítido o descompasso entre a atuação da Justiça e a necessidade da apuração, julgamento e punição dos bandidos que roubaram a Petrobras. Se no caso do mensalão quase dois anos decorreram entre as denúncias e a ida dos culpados para detrás das grades, imagine-se nesse escândalo muito maior, onde pela primeira vez os corruptores parecem identificados e em condições de ser punidos.

Mais resistentes do que parlamentares e políticos de diversos matizes são  as empreiteiras também  envolvidas na lambança. Só depende da Justiça, mas quanto mais ela tarde, mais crescerá a hipótese de tudo terminar em pizza. Daqui ao fim do ano vive-se um momento  crucial: caso cheguem as prolongadas férias do Judiciário sem revelações e ações efetivas, melhor virar mais uma página da farsa das impunidades

A farsa do pagamento da dívida externa pelo governo Lula
É demagogia induzir a sociedade a acreditar que as reservas internacionais quitaram a dívida externa brasileira. É ficcional a versão da dívida externa zerada. Em agosto de 2014, o Banco Central informava que a dívida externa bruta totalizava US$ 333,1 bilhões. Igualmente atestava que as reservas internacionais totalizaram US$ 379,4 bilhões. O Brasil integra o ranking dos 15 países COM MAIOR DÍVIDA EXTERNA , de conformidade com relatório do Banco Mundial


Youssef: uma casca de ovo em meio a um tornado

Este domingo, enquanto os brasileiros iam às urnas, a internet fervilhava com o boato de que o doleiro Alberto Youssef morrera envenenado e a notícia estava sendo adiada até o final da votação. A boataria era tão forte que a própria Polícia Federal teve de desmentir a falsa notícia, divulgando uma foto de Youssef na cama do hospital, fora da UTI. E a psicóloga Kemelly Youssef, filha do doleiro, deu uma entrevista reforçando o desmentido da PF e anunciando que seu pai estava recuperando bem a saúde.

A preocupação com a saúde de Youssef é procedente. Embora já tenha prestado praticamente todas as informações necessárias para devassar o esquema montado pelo governo na Petrobras para subornar os parlamentares dos três principais partidos da base aliada (PT, PMDB e PP), é importante que ele permaneça vivo e em condições de esclarecer qualquer dúvida, especialmente sobre o conhecimento que o ex-presidente Lula e sua sucessora Dilma tinham a respeito da corrupção na estatal.

A saúde de Youssef é particularmente importante, porque Dilma Rousseff “ganhou” e agora terá de vencer também as acusações do doleiro, que podem conduzir ao impeachment dela.



Novidades

Em meio a esses escândalos, surgiram as surpreendentes novidades desta eleição, estabelecidas pelo ministro Dias Toffoli, que só chegou ao Supremo e ao Tribunal Superior Eleitoral por ser petista, amigo íntimo do ex-ministro José Dirceu e do ex-presidente Lula.

A primeira inovação foi o cancelamento dos testes de segurança nas urnas eletrônicas. E a oposição não protestou, nada, nada. O candidato Aécio neves em nenhum momento da campanha eleitoral levantou esse importante assunto, que no entanto foi profundamente discutido aqui na Tribuna da Internet, inclusive houve uma grave advertência do jurista Jorge Béja a esse respeito.

Depois, a apuração secreta das eleições, que jamais havia ocorrido no país. Ou seja, o resultado das urnas sem teste foi computado pela Justiça Eleitoral sem efetivo acompanhamento dos fiscais dos partidos, e o resultado só foi divulgado quando confirmada a vitória da candidata da situação, e por vantagem mínima, certamente para não dar na vista.

Traduzindo tudo isso: estamos num país com os três Poderes apodrecidos, onde decididamente não se pode confiar na Justiça.  

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Arquivo Vivo

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Alberto Youssef, o doleiro suspeito no governo e na Petrobras 



















A verdade é essa. O inquérito relativo às denúncias sobre os desvios ocorridos na Petrobrás, elevados à categoria de os maiores escândalos na história da administração brasileira terá que prosseguir até o final. Não só em função da delação, até agora está abrangido o ex-diretor Paulo Roberto Costa, e nela deseja ingressas o doleiro Alberto Youssef, mas sobretudo em decorrência da afirmação feita pela Presidente Dilma logo ao início do debate com o senador Aécio Neves, sexta-feira passada, na Rede Globo de Televisão.

 A presidente da República, inclusive, anunciou a intenção de mover processo judicial a revista Veja pela manchete na edição que circulou também sexta-feira, antes do debate, cuja primeira página divulga afirmação atribuída a Youssef. Ao anunciar sua decisão de ir à Justiça, Dilma Rousseff, no sentido de encontrar base para tal gesto, necessita, antes de tudo, dar curso à investigação. Simples em questão de lógica: somente na sequência da investigação encontrará a prova de que necessita para a ação com a qual se comprometeu diante do país.

 O debate, de acordo com dados divulgados, alcançou uma audiência de 30 pontos no seu desenrolar, atingindo assim aproximadamente 60 milhões de pessoas. O confronto, certamente, como é lógico, influiu nas intenções de voto. Mas não é esta a questão. O aspecto essencial trata-se do compromisso assumido pela chefe do Executivo de ir ao Judiciário em busca, segundo afirmou, da verdade. Ela não pode recuar da posição que assumiu.

O desenrolar do novo episódio vai depender, em primeiro lugar, da confirmação ou não do doleiro quanto à frase apresentada como dele, de que o ex-presidente Lula e a presidente Dilma sabiam da trama que explodiu nas páginas da imprensa e nas telas da televisão. Sob o aspecto mais importante do tema, Alberto Youssef transforma-se de um dos personagens centrais do sinistro enredo, ao mesmo tempo, em testemunha de vital importância na ação anunciada ao país pela presidente da República. Uma negativa sua quanto à afirmação publicada detonará uma situação absolutamente desconfortável para o que foi publicado. Uma confirmação aprofundará uma crise institucional de que o governo terá de livrar-se quanto a seu envolvimento.

Assim, seja qual for o caminho que o processo seguirá, em ambas as hipóteses, torna-se automaticamente obrigatória a sequência das investigações, com as respectivas comprovações. Não há como escapar de tal dualidade. Ela torna-se predominante por si mesma. Inclusive porque a afirmação feita por Dilma Rousseff será cobrada como um compromisso público com a lei e com o comportamento ético, não só de um, mas de dois governos.

Será cobrado pela imprensa, pelas emissoras de TV, pelas redes sociais. Aliás por falar em redes sociais, devem elas funcionar dentro dos limites da lei, não espalhando boatos como o que se referia à morte de Youssef. Que, aliás, nesta altura do mistério, ele, na última semana, passou a ser o homem que sabia demais.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Eleição Presidencial Suspeita

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro



Charge_Bessinha
















Não há muito a dizer sobre a eleição de ontem, muito menos a comentar. Mas um cronista sempre arruma assunto.

Com os votos dados a Aécio Neves e Marina Silva, o primeiro turno revelara a existência de uma maioria silenciosa que não queria mais o PT no poder. O candidato do PSDB, Aécio Neves, teve 33,55% dos votos válidos, a representante do PSB chegou a 21,32%, perfazendo 54,87% de votos a esses dois candidatos de oposição, enquanto Dilma Rousseff recebeu 44,59%. Ficou claro que, se houvesse massiva transferência de votos de Marina para Aécio, a eleição ficaria dificílima para o PT.

Nunca se viu nada igual. De repente, por causa do horário de verão e da inexpressiva eleição no Acre, a apuração da eleição presidencial passou a ser feita de forma sigilosa, comandada pelo ministro Antonio Dias Toffoli, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Como se sabe, Dias Toffoli só chegou ao Supremo e ao TSE por ser petista, pois jamais foi aprovado em concurso para juiz de primeira instância, tendo sido reprovado em duas tentativas.

A apuração dos governadores transcorreu normalmente, mas esse surpreendente atraso da apuração do pleito presidencial é estranho e inexplicável, pois bastaria adiantar em duas horas a eleição no Acre e tudo ficaria normal. Mas o que esperar de uma Justiça Eleitoral comandada por um magistrado do porte de Dias Toffoli. Só se poderia esperar uma vergonha nacional.

domingo, 19 de outubro de 2014

Mais do Mesmo


A falta de decoro sempre dará as cartas
Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro



Comem no mesmo COXO


















Nesta ultima semana, a campanha presidencial descerá ainda mais.  Alcançará as profundezas. Os dois candidatos chegaram ao ponto em que recuar não dá mais. Mesmo se acontecesse o milagre de o bom senso atingi-los, não  perceberiam. Agressões e baixarias passaram a característica principal de suas intervenções, não apenas nos debates televisivos de péssima qualidade e pior  organização. Em suas viagens pelos estados, em discursos e entrevistas, dão a impressão de pensar menos no país do que em  desconstruir o adversário, sem nenhuma proposta de mudanças reais.   Pena que ninguém em suas assessorias tenha tido coragem de alertá-los para o ridículo que vem sendo as acusações de parte a parte. E  da distância que os separa das verdadeiras necessidades nacionais.

Importa menos saber quem apareceu  primeiro, se o ovo ou a galinha. Essa questão transcendental,  discutida por todo o  Império Romano  do Oriente,  foi responsável, em 1453, pela tomada de Constantinopla  pelos turcos, até hoje lá  estabelecidos,  apesar da mudança do nome: agora  é Istambul.

Dilma e  Aécio, tanto faz o vencedor, estarão à mercê de quantos exigem a extinção dessa arcaica civilização que imaginam manter e  garantir. Demonstram, com suas performances, o fim do período iniciado com a  queda da ditadura militar.  Esgotou-se  a  Nova República de que falava Tancredo Neves, avô de Aécio. O  eleito governará um país  inviável para os seus governantes. Se Dilma perder, ou   caso ela se reeleja, o resultado será o mesmo: uma população descrente,  desligada e infensa ao  poder publico  distorcido e inexoravelmente condenado à  rejeição.

O esgotamento das instituições vigentes marcará o governo de um dos candidatos, qualquer que seja. Claro que também por outros motivos, mas, em especial, porque como candidatos não conseguiram protelar a chegada dos turcos,  coisa que poderiam ter feito pela apresentação de propostas e projetos  capazes de desenhar um Brasil diferente.  Faltou-lhes coragem e, por isso, dedicaram-se a embates pueris e desligados das necessidades gerais,  imitando o avestruz com a cabeça enterrada na areia em meio à tempestade.

Desconheceram o sentido maior das mudanças políticas, econômicas, sociais que a nação anseia. A conseqüência é que os turcos promoverão essas mudanças, queira Deus que não passando  os bizantinos pela espada. No caso, os turcos somos nós, são a sociedade inteira, revoltada e esgotada pela sucessão de governos  sem condições de atentar para a  importância da promoção de ampla  reviravolta,  imprescindível à sobrevivência do conjunto.

Traduzindo esse  confuso e incompleto diagnóstico sobre o que nos espera: incapazes de perceber a nudez do rei, Dilma e Aécio dispõem-se a aplaudi-lo até que uma criança qualquer restabeleça a evidência da farsa em fase de desintegração. Numa palavra: não é esse o Brasil que os brasileiros desejam. Votarão majoritariamente  nela ou nele por mera obrigação legal,  mas estarão prontos a explodir as muralhas de uma civilização ultrapassada e esgotada pelos abusos e excessos do Legislativo e do Judiciário,sem falar no Executivo que almejam conduzir. Com Dilma ou Aécio, continuarão a corrupção, a impunidade, as injustiças, as benesses das elites e o sofrimento das massas. O engodo de instituições falidas está prestes a desaparecer sem deixar saudades.


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A PT-ROUBRAS

Novas denuncias mostram que ainda há muita sujeira
por debaixo dos panos da Petrobras

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Paulo R  Costa com Gabrielli, Dilma e Lula no Planalto, em 2006




















A presidente Dilma Rousseff pode esbravejar à vontade, dizer que o vazamento de informações significa crime eleitoral, acusar que a Polícia Federal está aparelhada pelo PSDB, alegar que desde o governo FHC já havia irregularidades e corrupção, nada disso funciona. O que interessa é que as denúncias são verdadeiras e rastreáveis, conforme está ficando comprovado nos novos depoimentos dos dois principais implicados, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.

É importante destacar que os dois estão sem comunicação entre si e suas novas declarações vêm sendo colhidas em separado. Mesmo assim, os Costa e Youssef têm falado exatamente a mesma coisa, com revelações coincidentes, em que citam os mesmos números e as mesmas autoridades envolvidas. É justamente essa similaridade de depoimentos que mostra estarem os dois falando a verdade, não há contradições e existem provas.

Começam a surgir novos nomes, as denúncias já envolvem o ex-diretor Renato Duque, que hoje é consultor de empresas fornecedoras da Petrobras, e o presidente eterno da Transpetro, Sérgio Machado (indicado em 2003 por Renan Calheiros e até hoje mantido no cargo).

Duque se diz revoltado com as acusações e mandou seus advogados entrarem na Justiça contra Paulo Roberto Costa no Juizado de Pequenas Causas, vejam só a que ponto chegamos, levando a corrupção a debate nesse tipo insignificante de tribunal.

É inevitável que as novas revelações venham a atingir o ex-presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, aquele que despachava com José Dirceu num quarto de hotel em Brasília, em pleno escândalo do mensalão.

Mas a ligação do então diretor Costa não era apenas com Gabrielli. Existe uma foto, muito reveladora, batida em 2006, quando Lula era presidente e Dilma estava na Casa Civil, em que o diretor Paulo Roberto Costa aparece em audiência com o chefe do governo, ao lado de Gabrielli. Essa ocasião é totalmente atípica no Planalto. Presidente da República não despacha com diretor de estatal, apenas com o dirigente máximo, que no caso era Gabrielli.

Uma das perguntas que ficam é a seguinte: “O que levaria um modesto diretor de Abastecimento da Petrobras ao Planalto?”

Outra pergunta: “Em seus dois mandatos, Lula recebeu algum outro diretor da Petrobras em audiência?”

E mais uma: “Será que desta vez Lula e Dilma serão envolvidos nas investigações, ou continuarão dizendo que não sabiam de nada”?

sábado, 11 de outubro de 2014

Os Absurdos - Parte I

Na Alemanha, para viajar com Lula 
em Lua de Mel, Rosemary teria de pagar caro, muito caro
Por Wálter Maierovitch
Portal Terra
Charge_Sponholz




















Para a mídia alemã não representa notícia de interesse público o fato de a chanceler Angela Merkel, chefe de governo, não dar carona ao marido em avião oficial. Por exemplo, Merkel passou a Páscoa na cidade italiana de Nápoles a fim de descansar.  O avião oficial que a transportava desembarcou na sexta-feira e o corpo de segurança alemão a acompanhou à residência que alugara com dinheiro próprio.

Cerca de quatro horas depois do desembarque de Merkel em Nápoles, chegou o seu marido. Estava programado que o casal passaria a Páscoa em Nápoles. O “maridão”, no entanto, pegou um vôo comercial Berlim-Roma e, na sequência, uma conexão para Nápoles.

Por que não pegou uma “carona” com a poderosa chanceler e esposa? A resposta é simples. A carona em vôo oficial, segundo a legislação alemã, é muito cara. Mais de dez vezes o preço de um bilhete aéreo comercial. Por isso, o casal Merkel viajou separado. Em outras palavras, para economizar. Assim, o varão viajou como um comum mortal que, temporariamente, é esposo da chefe de governo da Alemanha. A virago, de enormes responsabilidades institucionais, cumpriu a lei e fez economia doméstica.

Depois da Páscoa, um avião alemão oficial conduziu Merkel de volta a Berlim, sede do governo e sua cidade natal. O esposo da chanceler partiu em vôo de carreira, com conexão e passagem paga por ele próprio e não pelo cidadão alemão.

(No Brasil, o senador Eduardo Suplicy, depois de noticiado na imprensa, correu para devolver o valor de uma  passagem aérea que o seu gabinete, por sua ordem e numa relação privada, havia comprado para a namorada.)





NOTA DO BLOG Este artigo do prof.  Wálter Maierovitch, faz sucesso na internet, com as consequentes comparações com os últimos presidentes brasileiros. Como se sabe, além da presidente Dilma levar toda a família para viagens de férias e finais de semana prolongados no avião da presidência da República, ainda se hospeda em instalações militares com tudo pago pelos cofres públicos – para ela e a trupe que a acompanha. O então presidente Lula fazia pior. Além de levar toda a parentada, permitia que os filhos dessem caronas a amigos. Sem dizer que nas viagens ao exterior, quando a primeira-dama Marisa Letícia não o acompanhava, Lula fazia questão de levar a segunda-dama Rosemary Noronha para lhe fazer companhia. Foram viagens de lua-de-mel a bordo a 30 países, inteiramente pagas pelo contribuinte, e Rosemary ainda recebia pagamento de diárias, por estar em viagem oficial. Estas diferenças entre Brasil e Alemanha deveria ser mais divulgadas pela imprensa brasileira. São lições de ética e de defesa do interesse do poder público.

Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Os números do grande atoleiro ideológico eleitoral brasileiro

Por Antonio Siqueira Do Rio de Janeiro 

No próximo dia 26, os brasileiros vão novamente às urnas para eleger o presidente da República e os governadores de 13 estados e do Distrito Federal. Nessas unidades da federação, a eleição foi para o segundo turno e os partidos disputam voto a voto a oportunidade de ampliarem o número de governadores em seus quadros. Bem reparou, frisou e comentou com este escriba, o musico da Banda Black Dog, professor, cronista e meu amigo, Ives Pierini: "Antonio Siqueira, eu vejo os sobrenomes desses ladrões, me da a sensação de que vivemos em uma republica da hereditariedade, ou democracia genealógica....caralho netos e filhos das múmias de outrora fazendo carreira."Exatamente, Ives: De filho da puta PAI para filho da puta FILHO.


Confira os números do GRANDE DESERTO DE IDEIAS:


domingo, 5 de outubro de 2014

A Hora da Verdade

Por  Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Nos encontramos mergulhados num imenso deserto de ideias















É isso aí. Nesse início das eleições presidenciais, para os governos dos estados, parlamentares
federais e estaduais, estamos todos nós a pouco tempo de podermos conferir o que disseram o Datafolha e o Ibope e o que as urnas deste domingo vão revelar. Nos encontramos mergulhados em um grande deserto de ideias como bem bradou Osvaldo Aranha há quase um século, porém, se tratam de eleições e a partir deste pleito que as coisas andam ou desandam.

Não é possível dizer agora quem estará em um eventual segundo turno. O senador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (PSB) têm, praticamente, as mesmas chances de estar presentes na segunda fase de votação, de acordo com as últimas pesquisas, considerando as margens de erros. Um deles deve disputar com a presidente Dilma Rousseff (PT).

Ainda há um outro fator importante a considerar. O número de indecisos, ainda que não seja mais muito grande, aponta para a indefinição. Normalmente, os votos dos indecisos se distribuem nas mesmas proporções dos votos já definidos. Mas essa é apenas uma tendência. Não há como assegurar se essa distribuição assim será.

A última movimentação dos candidatos também poderá ser decisiva para as definições finais. Uma frase mal colocada, uma ação impensada podem derrotar ou alçar um candidato diante de uma disputa tão acirrada.


Mas tudo isso indica como o país está dividido. Não existe mais hegemonia de nenhum projeto. A insatisfação com o atual quadro é perceptível, mas não é majoritária. E mais grave do que a divisão das forças é a radicalização das posições. O Brasil vive um momento de ódio e amor. Os seguidores do governo federal, especialmente os petistas, e o grupo que reprova a administração federal – o antipetismo – não aliviam. Eles traçam um duelo aberto nas redes sociais, nas ruas, em suas casas e até mesmo em suas relações mais pessoais.

charge: newton silva
Há três meses, 75% dos brasileiros se diziam insatisfeitos com o país e exigiam mudanças urgentes, mas hoje, quando todos os indicadores econômicos, que já eram ruins, pioraram ainda mais, o desejo de mudança se transformou na liderança folgada dos situacionistas Dilma (PT), Alckmin (PSDB) e Pezão (PMDB). Vai entender. Será que eles mentiram aos pesquisadores? Ou eram felizes e não sabiam? Ou gostavam de sofrer? Ou o medo do desconhecido é maior que a esperança no futuro? Mas como mudar, se nenhum governante municipal, estadual ou federal jamais reconhece seus erros, atribuindo-os sempre a outros, a conspirações políticas ou a circunstâncias adversas?

Salvo um terremoto inesperado, estão fora do páreo aqueles que podem dizer todas as maravilhas que muitos de nós esperamos ouvir: que são a favor de salvar as vidas das mulheres que precisam abortar; que são absolutamente contrários à homofobia; que defendem o meio ambiente muito além da mera preservação das florestas; que não pagam de jeito nenhum a dívida que o governo contraiu com credores: os banqueiros que se virem…




segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Futuro? Mas que futuro?

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro



Charge "trem fantasma no congresso": Cícero
Dentro de uma semana, precisamente, estará sendo escolhido o novo Congresso. Dizia o dr.Ulysses, com humor, que pior do que o atual, só o próximo. A pergunta que se faz é sobre os limites da renovação, em especial na Câmara dos Deputados. É possível que não chegue a 50%. Nos principais partidos, os caciques deverão conservar suas cadeiras, exceção dos candidatos a governador ou ao Senado, aliás, poucos. Indaga-se da hipótese de, desta vez, ser aprovada a reforma política, mas as chances são poucas. Talvez a proibição de doações pelas empresas nas campanhas eleitorais, com o financiamento público ainda indefinido. Jamais a cláusula de barreira para limitar o número de partidos políticos, muito menos o voto distrital e a votação para deputado federal em listas partidárias. Nem a revogação do princípio da reeleição.

O novo Congresso continuará dando sustentação ao palácio do Planalto, qualquer que venha a ser a presidente da República, Dilma ou Marina. A conclusão é de que o governo permanecerá em condomínio com os partidos, funcionando o PMDB como tijolo de sustentação tanto de uma quanto de outra das candidatas. Neste caso, com o PT ao lado e o PSDB na oposição. Naquele, invertendo-se a equação, ou seja, os companheiros na oposição e os tucanos no governo.

Mudará alguma coisa? Nem pensar. Dos programas de assistência social ao orçamento insuficiente, da ineficiência administrativa à insegurança nas ruas, da farra das empreiteiras à indigência dos municípios – o país será o mesmo. Tanto o Congresso quanto o Executivo continuarão olhando para o próprio umbigo, pensando nos próximos quatro anos. Ninguém, em funções de relevo, cogita do que será o Brasil dentro de vinte, trinta ou cinquenta anos. O futuro não faz parte das preocupações nacionais, até porque os políticos de hoje não estarão mais aqui. Não é problema deles.

Impossível, por enquanto, interpretar o significado do manifesto dos generais de quatro estrelas, todos na reserva, criticando não só o ministro da Defesa, mas o governo inteiro. Em outros tempos os tanques estariam na rua, ou os signatários na prisão. Fica difícil aceitar que os comandantes atuais não conhecessem previamente o pronunciamento. Que reação terá o embaixador Celso Amorim? Advertir a todos ou ficar calado? A presidente Dilma comentou apenas que se os generais não querem pedir desculpas pelos excessos do regime militar, “que não peçam”.


*Charge "trem fantasma no congresso": Cícero

terça-feira, 16 de setembro de 2014

O que você entende por “Estado Laico”?

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro




Politica + Religião
























Virou moda invocar a laicidade do Estado para desqualificar opiniões, religiões e igrejas. É o tipo de coisa que só acontece no Brasil, país em que presidentes da República se atrapalham com rudimentos de português e matemática. Fosse o pensamento prática frequente entre nossa elite, tais invocações à laicidade do Estado seriam rechaçadas pelo que de fato são: ensaios totalitários visando a calar a boca da maioria da população.

A leitura dos preceitos que os constituintes de 1988 incluíram em nossa Carta Magna sobre o tema esclarece, acima de qualquer dúvida, que eles desejavam, nesse particular, limitar a ação do Estado e não das pessoas, suas religiões e igrejas, como agora, maliciosamente, lendo a carta pelo seu avesso, alguns pretendem fazer crer. Enfaticamente, a CF determina ser “inviolável a liberdade de consciência e de crença”, que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença” e que o Estado não pode estabelecer ou impedir cultos.

Não são as opiniões de indivíduos ou, mesmo, de figuras públicas em que se perceba inspiração religiosa que violam a Constituição, mas as tentativas de os silenciar, de os privar do direito de expressão, aos brados de “Estado laico! Estado laico!”. Não, senhores! Foi exatamente contra essa pretensão que os constituintes ergueram barreiras constitucionais. Disparatado é o incontido e crescente desejo que alguns sentem de inibir a opinião alheia, para que possam – veja só! – falar sozinhos sobre determinados temas. E são tantos os desarrazoados neste país que poucos percebem o tamanho da malandragem.

Leigos ou religiosos, ateus ou agnósticos, detentores de mandato ou jurisdição, podem e devem ouvir suas consciências ao emitirem seus votos ou decisões. Talvez estejamos habituados a líderes que escolhem princípios como gravatas (ou echarpes) e estranhemos quem os tenha, bons e sólidos. A laicidade impõe limites ao Estado, não aos cidadãos!

Eu tenho o direito de emitir conceitos, com base religiosa ou não, fundados na cultura gaúcha, mineira, nordestina, carioca ou tupiniquim em geral, na doutrina marxista ou liberal, sem que desajuizados pretendam me calar. Essa minha liberdade tem garantia constitucional. E há dispositivos específicos para assegurá-la no que se refira às convicções religiosas e suas consequências. A histeria a esse respeito escancara não só recusa ao contraditório, mas também vocação totalitária. Por quê? Porque como bem se sabe, o totalitarismo, para cujo porto estamos sendo levados pelo nariz, não pode conviver com sistemas de valores que não sejam ditados pelo Estado e que ante ele não rastejem. É a esse mostrengo que andam chamando “Estado laico”. Ele não é isso.




domingo, 31 de agosto de 2014

Genocídio Autorizado

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro


Genocídio 


















Nas últimas semanas tem chamado a atenção, mais uma vez, a diferença de tratamento entre dois temas e dois países: a Rússia, no âmbito da crise ucraniana, e ­Israel, no contexto de seu confronto com o Hamas e a destruição física e humana da Faixa de Gaza. Moscou – cujo governo pode ter, naturalmente, seus defeitos – tem sido acusada de agir como potência agressora no país vizinho, quando, na verdade, está defendendo o último espaço teoricamente neutro que lhe restou após a queda do muro de Berlim. Quando do fim da União Soviética, e do próprio desarme nuclear da Ucrânia, os Estados Unidos comprometeram-se a não atrair os países do antigo Pacto de Varsóvia para a órbita da Otan, e, assim, não cercar, com tropas hostis, o território russo.

De lá para cá, em menos de 20 anos, várias nações, entre elas a República Tcheca, a Hungria e a Polônia, abdicaram de qualquer neutralidade e se agregaram à aliança ocidental, envolvendo a Rússia com um anel de aço. Nele, não existem apenas soldados inimigos, mas também podem ser colocados mísseis com capacidade de atingir as principais cidades do país em poucos minutos, e em menos da metade do tempo do que levariam suas armas nucleares para chegar ao território dos Estados Unidos.

Quando da “independência” da Ucrânia, em 1989, ficaram dentro de seu território milhões de russos étnicos que haviam compartilhado durante anos, com os ucranianos, a cidadania soviética. Esses cidadãos não aceitam se aliar ao “ocidente” para combater sua própria gente, sua própria história, sua própria cultura, que estão também nos territórios russos que existem do outro lado da fronteira.

Antes da queda do governo que estava no poder até fevereiro, os russos subsidiavam o gás vendido à Ucrânia, e procuravam estabelecer com ela maiores laços econômicos, para que o país não caísse totalmente sob a influência dos Estados Unidos e da União Europeia. Manobras ocidentais romperam o precário equilíbrio existente dentro da sociedade ucraniana, levaram à queda de Yanukovich e à ascensão, pela primeira vez depois da Segunda Guerra Mundial, de membros de partidos neonazistas a um governo de um país europeu. A isso, se seguiu a ocupação, por Putin, da mais russa das regiões ucranianas, a Crimeia. Por mais que a imprensa dos Estados Unidos diga o contrário, no mundo real nem o governo ucraniano nem o atual governo israelense podem ser “vitimizados”.

O magnata Petro Poroshenko chegou ao poder no rescaldo da derrubada de um governo eleito, sob um pretexto que até hoje é colocado em dúvida: a morte de civis na etapa final das manifestações da Praça­ Maidan, por policiais ligados ao REGIME anterior, quando, na verdade, há fortes indícios de que os tiros foram disparados por franco-atiradores neonazistas, interessados em criar um fato que servisse de “ponto de virada” na situação ucraniana.

No caso da derrubada, não do governo Yanukovich, mas do avião malaio que caiu no leste da Ucrânia, é preciso perguntar: a quem interessava o crime?

Com vários aviões de guerra abatidos nas últimas semanas, e impossibilitado de retomar, pelas armas, grandes cidades como Donetsk e Karkhov, o governo ucraniano encontra na queda de um avião civil, com grande número de passageiros ocidentais a bordo, um excelente “ponto de virada” para tentar impedir que os independentistas de etnia russa continuassem a derrubar suas aeronaves, e colocar Putin contra a parede, obrigando-o, por sua vez, a pressioná-los.

Afinal, o presidente russo acabara de marcar importantes pontos em seu jogo de xadrez contra os Estados Unidos, retornando de vitoriosa viagem à América Latina, na qual participara da criação do Banco e do Fundo de Reservas do Brics, e mostrara que tem suficiente jogo de cintura para se furtar às tentativas “ocidentais” de isolá-lo internacionalmente.

E o que teria ocorrido, caso – como disseram fontes russas – tivesse sido atingido o avião de Vladimir Putin, que cruzou a mesma rota do voo da Malaysia Airlines? Os ucranianos não teriam da mesma forma – com a ajuda da imprensa “ocidental” e como fizeram com o avião malaio – acusado os rebeldes de ter derrubado o avião presidencial russo, por engano? Em todo caso, os últimos interessados e os que tinham mais a perder com a explosão do avião da Malaysia Airlines teriam sido exatamente os russos e os rebeldes ucranianos.

Enquanto a imprensa ocidental acusa os rebeldes e, eventualmente, o próprio Kremlin,­ de ter derrubado o avião de passageiros, Obama afirma que Israel – que acusa sem confirmação o Hamas de sequestro e assassinato de três adolescentes – “está apenas se defendendo”, na Faixa de Gaza, e é acompanhado, nisso, pelos mesmos “analistas” e editorialistas que atacam o comportamento da Rússia na Ucrânia.

Há pouca diferença dessas campanhas com outras, como a que afirmou, durante anos, sem nenhuma prova, que havia armas de destruição no Iraque. A imprensa nazista passou anos recorrendo ao mesmo tipo de gente, de “analistas” raciais a “entendidos” em geopolítica, para explicar e contextualizar os perigos do judaísmo para o mundo, e a sua vinculação com os bolcheviques comunistas.

Quando a Alemanha de Hitler dominava a Europa, os nazistas costumavam matar dez reféns para cada soldado alemão que sofria um atentado. Na ofensiva de Tel-Aviv em Gaza, a mídia “ocidental” parece achar normal que a proporção de civis mortos e feridos, seja de mais de 20 palestinos para cada israelense atingido em combate ou pelos foguetes artesanais do Hamas, e que boa parte do território – com mais de 4 mil habitantes por quilômetro quadrado – já tenha sido destruída, deixando mais de 100 mil desabrigados.

Ao bombardear mulheres e velhos, meninos e meninas, apartamentos e ruas de Gaza, Israel implantou, regou e alimentou, com ossos e sangue – como faziam os nazistas com suas experiências com repolhos no campo de extermínio de Maidanek – um ódio profundo e incomensurável em nova geração de palestinos, da mesma forma que, ao destruir o Iraque, os Estados Unidos abriram caminho para Bagdá e Mossul para os terroristas da Al Qaeda.

Quando se tornar impossível a sobrevivência e a permanência, dentro das estreitas fronteiras de sua gaiola de escombros, cercada por muros e arame farpado, dos quase 2 milhões de palestinos que vivem em Gaza, será que os israelenses se inspirarão em seus algozes de um outro gueto, o de Varsóvia? Lá, judeus de toda a Europa foram amontoados, sem água, luz, comida ou aquecimento, durante meses a fio, para morrer de tifo e outras doenças contagiosas. Finalmente, foram levados para campos – como Israel pode fazer com os palestinos – se quiser, teoricamente, assisti-los “humanitariamente”.

A outra opção é entrar – como fizeram os SS do Brigadeführer Jürgen Stroop há exatamente 71 anos – com tanques e lança-chamas no meio das ruínas, no Gueto de Varsóvia, e caçar, um por um, os sobreviventes, até o último homem, mulher ou criança, como se fossem ratos.

As ações do governo israelense são muito contestadas por parte da oposição israelense e também por integrantes da comunidade judaica espalhados pelo mundo. Mas a julgar pelo noticiário da imprensa “ocidental”, essas vozes dissonantes tampouco existem.

domingo, 24 de agosto de 2014

Danos e tragédias: Vigiai e protegei os inocentes!



A Guerra de culpas que acabam sendo divididas
Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro
em um breve retorno


Hamas



















Ao promover uma invasão de terras, os membros do MST seguem rigorosamente as instruções fornecidas por seus líderes. Na hora do enfrentamento, as crianças vão na frente, formando um escudo humano para proteção dos marmanjos. Isso é algo a que estamos habituados a assistir aqui, bem perto dos nossos olhos.

Não pode nos surpreender, portanto, que o Hamas, na guerra que promove contra Israel desde a faixa de Gaza, utilize escolas e hospitais como bases para lançamento de seus foguetes para, depois, derramar lágrimas de crocodilo sobre imagens dos danos ali causados. É o Hamas que impõe seu totalitarismo religioso fanático sobre a pacífica população da faixa de Gaza e não Israel. É o Hamas que está se lixando para os males que afligem a população civil da região sobre a qual impõe sua insensível tirania.

Com muita razão aliás, o noticiário sobre o conflito observa uma grande desproporção entre as potencialidades bélicas de ambos os lados. Mas é muito difícil entender o tipo de justa proporção que se poderia esperar naquelas circunstâncias. Se o problema do conflito ali travado é a desproporcionalidade das forças combatentes e não a existência de um grupo terrorista islâmico agressor na fronteira de Israel, com o intuito explícito de o destruir, torna-se indispensável definir o que seria uma justa proporção aplicada ao caso.

Indago: para atender a esse clamor, Israel deveria abandonar o armamento que usa e passar a empregar mísseis de fabricação caseira? Seria isso o que se espera? Ou, quem sabe, Israel deveria adotar atitude passiva enquanto os radicais do Hamas despacham seus artefatos desde os telhados de Gaza? Existem extensas áreas despovoadas ou muito pouco povoadas em Gaza. Por que os terroristas do Hamas se abrigam exatamente nos setores urbanos mais densamente ocupados? E é israelense a responsabilidade pelos danos? Vigiai e protegei os inocentes!

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Nos Arcabouços das Grandes Guerras




Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro


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Desde tempos imemoriais, a Europa foi  marcada pela guerra e pela crença de que seus limites eram os limites do mundo. Ainda antes de Cristo, dezenas de conflitos mancharam de sangue suas montanhas e vales, mares e rios,  praias e ilhas do Mediterrâneo.

Às invasões dóricas, seguiram-se as guerras entre romanos e etruscos; as que opunham  cidades-estado gregas, como Esparta e Argos; as guerras persas e as sicilianas; as do Peloponeso; as invasões Celtas e as Púnicas.

No primeiro milênio, entre muitas outras, tivemos as Guerras Ibéricas; a conquista romana da Bretanha; as Guerras Góticas; as guerras civis romanas; a Reconquista; as invasões húngaras; persas contra iberos; os Rus contra Bizâncio.

O segundo milênio começou com a guerra germano-polonesa de 1002; seguida das expedições genovesas à Sardenha; da conquista normanda da Inglaterra, e depois, da Irlanda; e outras disputas, como a Rebelião Saxônica; a Guerra de Independência da Escócia; a guerra dos otomanos contra os sérvios; a Rebelião dos Münster; a Guerra Anglo-Espanhola; as guerras de sucessão; as Guerras Napoleônicas, etc.


Guerras Planetárias do Século XX e do Terceiro Milênio 

Em extensão, duração, e intensidade, nenhuma se comparou, no entanto, à Primeira Guerra Mundial, com 16 milhões de mortos e 20 milhões de feridos, ao longo dos quatro anos de conflito; e à Segunda Guerra Mundial, com 85 milhões de mortos, em todo o mundo, se incluirmos os que pereceram pelo genocídio, as fomes e as doenças.

A Segunda Guerra Mundial foi tão desastrosa para a Europa, que, mesmo dividida, entre a OTAN e o Pacto de Varsóvia, países como a França e a Alemanha fizeram grande esforço, a partir da Comunidade do Carvão e do Aço, para forjar a Comunidade Econômica Européia e a União Européia, com a esperança de que, ao menos entre eles, as duas maiores nações e rivais do oeste da Europa, não houvesse novos conflitos.

O problema é que, tendo começado como aliança voltada para a preservação da paz, a Comunidade Européia, por meio da OTAN, passou a agir como preposta dos interesses norte-americanos. E, mais tarde, como linha auxiliar dos EUA, em regiões nas quais os europeus já se sentiam nostálgicos de seu antigo poder colonial, como o Oriente Médio e o Norte da África, em países como o Iraque, o Afeganistão e a Líbia. Sem esquecermos do apoio incondicional às atrocidades cometidas por Israel desde à invasão do território palestino causados por um erro fatal da ONU, talvez o maior de todos os erros diplomáticos. O EUA e seus aliados forjaram um dos maiores banhos de sangue e extermínio de um só povo na história das guerras modernas.

Nos Balcãs, desmembrou-se a Iugoslávia, mas a intervenção militar posterior não estava voltada contra uma nação determinada, e sim para jogar, uns contra os outros, os pedaços desmembrados do país de Tito.

Ao meter-se na Ucrânia, junto com os EUA, para destruir o país, e promover uma guerra civil, depois de um golpe de Estado,  a UE abandonou, definitivamente, os ideais que lhe deram origem. E voltou a abrir as portas do velho continente aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse, que tantas vezes já o percorreram no passado.



*Quero aqui agradecer a atenção  dispensada a este escriba e à esta coluna nestes dois anos em que escrevo neste blog. Problemas particulares tornam vital a interrupção deste que vos escreve em suas postagens e matérias neste espaço tão valoroso. Os poucos, porém ilustres, leitores do Blog Política & afins, elevaram esta página à referência de qualidade para alguns e abrilhantaram-na com comentários inteligentes. Saio de cena por tempo indeterminado, mas nos encontraremos em alguma “esquina” virtual ou viva neste universo por vezes impressionantemente fascinante, porém, noutras vezes, denso e pesado.
Espero, fervorosamente, que os demais membros articulistas desta página, deem continuidade a este trabalho tão útil à sociedade como um todo.

Com carinho e, mais uma vez, eternamente grato:

Antonio Siqueira