quarta-feira, 30 de abril de 2014

O Brasil do PT ao PSDB: A Vala do Caos do Primeiro Mundo

Por Antonio Siqueira - do Rio de Janeiro


Chaos















Caso Hitler tivesse todos os poderosos recursos da tecnologia dos meios de comunicação da chamada grande mídia livre de hoje, bem controlada e direcionada pelas elites (à custa de muita grana), somado à sua inabalável determinação de domínio mundial, bem possível que teria deixado na retaguarda a sua poderosa força militar, atrás da linha de frente de uma gigantesca mídia livre nazista. Só precisaria comprar estratégicos elementos das elites dirigentes, em sua maioria, sempre prontos a trair seu povo e sua própria nação por um punhado de dinheiro. O maluco teria ido mais longe.

Tragicamente, nas democracias capitalistas, o roubo é coisa comum e conhecida. Para não ser pego, faz-se necessário dividir a roubalheira com outros poderosos. Mas, se dividir com gente errada, poderá ser pego e ou tornar-se alvo de outros grupos, nacionais e internacionais, ficando exposto a pesados bombardeios da grande mídia livre. Assim opera a bela democracia capitalista, sem planejamentos, burra e ineficiente.

Por exemplo clássico de corrupção de cachorro grande, temos agora Alberto Yousseff. Levou para o seu inferno o estupido Deputado Federal, André Vargas. Youssef tratava as pessoas como se elas fossem escravos do seu poder. Não tinha a menor consideração pelos seus parceiros. Aparentava, somente, pois se os considerasse socialmente não travaria com eles os diálogos que manteve e que foram amplamente publicados nos jornais, nas emissoras de televisão e nas rádios. Ele estava sempre vários degraus acima e seus sócios nas empreitadas degraus abaixo. Dependiam dele. E ele, como o homem fatal de Nélson Rodrigues, os manipulava à vontade. No fundo, junto com o dinheiro, lhes fornecia um estranho desprezo interior.  O PT boicotou a primeira reunião para satisfazer a nossa fome sodomita por justiça, mas a ausência de seus deputados pegou muito mal e na segunda reunião eles compareceram. Os petistas continuam tentando defender o ainda deputado André Vargas, porque ele é uma nova versão hitchcockiana de o homem que sabia demais. Se ele falar, muitos cairão com ele, em cascata (ou cachoeira…) em pleno ano eleitoral. E isso não pode acontecer, é claro.






E fico pensando como é possível alguém desenvolver e envolver em torno de si, no sistema de poder e à margem da lei, capaz de desviar e lavar uma gigantesca montanha de dólares. Calcula-se ter movimentado, ao longo dos últimos anos, algo em torno de 10 bilhões. Não é fácil. Unir negociadores em torno de tão longo estado, no país e no exterior, não é tarefa par qualquer personagem comum. Assim, suponho, existe uma força estranha emoldurando sua personalidade.

A queda gradual e segura nas pesquisas corrói seu patrimônio político de Dilma Roussef e do PT às vésperas da eleição em que esta tenta o segundo mandato e abre fissuras na sua base de sustentação congressual, já com efeitos dissidentes na aliança nacional. As pesquisas refletem o efeito-dominó do processo: com a economia estagnada, principalmente pela falta de investimentos privados, e a inflação afetando o cotidiano do cidadão, os índices de aprovação caem e o apoio político desaparece. A formalização do movimento pela volta do ex-presidente Lula por um partido aliado, o PR, reflete menos a crença nessa possibilidade e mais a decisão de não seguir com a candidatura que perde força. É, portanto, mais um movimento de “Sai, Dilma”, do que de “Volta, Lula”. Pode haver DESGRAÇA maior?

Em face do desespero de varias vertentes e segmentos país à fora, novamente, estão abrindo perigosas brechas para retorno de devastador entreguismo FHC/PSDB. Não escaparia da privatização a Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, Eletrobras, Eletronorte, Furnas, Chesf, Eletrosul, Cedae, Embrapa, e inúmeras outras valiosas empresas públicas. Tudo, numa hora de profunda crise mundial devastando o primeiro mundo desde 2007.

Se acontece, o Brasil seria inteiramente desmantelado. Não sobraria pedra sobre pedra. Em poucos meses voltaríamos a ver por todas as cidades milhares de desempregados, falências e portas arriadas. Estaria de volta, milhares de placas “Vende” e “Aluga” vistas nos tempos FHC/PSDB. Claro sinal de desespero e falência generalizada. Enquanto isso, Aécio Neves, uma caricatura fútil, bêbada e mal enjambrada dos primórdios da política coronelista, prepara sua cama de gato. Não há muito o que fazer; vivemos um deserto de homens e ideias, como bem observou Oswaldo Aranha, um político e diplomata,  e isso em 1933.

Dado a atual insistente crise mundial, toda a América Latina seria arrastada junto. Voltaríamos a importar de tudo como na década de 50. Voltaríamos a exportar, tão somente, alimentos e minerais a preços de bananas, mas importando tudo e a preços de ouro. Em pouco tempo o Brasil seria transformado num imenso favelão com massas de miseráveis e violências de todos os tipos. Ainda está em tempo de interromper semelhante desgraça. Awake WORLD!!!


segunda-feira, 7 de abril de 2014

De Itaúna para o mundo: Via Fanzine completa 20 anos de fundação


EDITORIAL VF


O que garante Via Fanzine no ar, após apresentar tantas denúncias que influenciaram 
diretamente na vida do povo itaunense nestas últimas décadas, inclusive com aceitação do Ministério Público local, é a responsabilidade.


Por Pepe Chaves - Itaúna MG

*Colaborador e membro da equipe de articulistas de Politica & Afins



Via Fanzine - 20 anos













     Estamos comemorando hoje, segunda-feira, 07/04/2014, com um bom vinho gaúcho e um requintado queijo mineiro com ervas, duas décadas de jornalismo ininterrupto, desde que a primeira edição impressa de Via Fanzine foi publicada em Itaúna, no dia 07/04/1994.

     Tempo este em que arrebatamos o mais alto respeito de leitores, autoridades de todas as esferas e colaboradores tão distintos, residentes nas mais avessas localidades do mundo. E não é fácil manter-nos dentro de um compromisso estrito de produzir um jornal digital diário, ininterruptamente, desde o dia 07/04/2004, quando o portal Via Fanzine entrou no ar pela internet.

     E todo este trabalho que não surgiu ontem, hoje consiste no maior acervo digital de um portal produzido em Itaúna e na região, além de ser, devidamente comprovado, o portal que recebe mais acessos na cidade. Também não fazemos jornalismo pra privilegiar vereador que compra jornal escondido para faturar publicidades da Prefeitura e da Câmara e nem enviamos spam; nem apelamos para que leitores visitem o nosso site ou página de Facebook. Tampouco, fazemos jornalismo para plagiar descaradamente quem se diz nosso concorrente. Também não fazemos festa para celebrar visitação falsa recebida. Produzimos jornalismo com a originalidade que nos garante, desde o início deste trabalho, no milênio passado, a confiança de quem nos lê.

     Por isso, para vendermos espaços publicitários em nosso trabalho, não temos que apresentar acessos de site “printados”, nosso acesso está aberto a quem quiser vê-lo clique aqui  (Motigo Webstats - Free web site statistics Personal homepage website counter) Tampouco, temos que mentir, afirmando que recebemos milhares de acessos de internautas por dia, algo humanamente impossível (e quem trabalha com site sabe disso) para um portal de jornalismo na cidade de Itaúna, sobretudo, se divulgar somente notícias ou releases locais, como a maioria faz.

     Desta forma, não temos que fazer politicagem a nosso favor, tampouco com pessoas da política local para obter dinheiro público, de maneira suspeita, pois, enquanto veículo de comunicação, trabalhamos é com informações e, no nosso caso, com informações concisas.

     O que garante Via Fanzine no ar, após apresentar tantas denúncias que influenciaram diretamente na vida do povo itaunense nestas últimas décadas, inclusive com aceitação do Ministério Público local, é a responsabilidade. Talvez, por isso, dentro de nossa larga liberdade para publicar, nunca fomos processados enquanto veículo de comunicação, apesar de ter havido uma tentativa política frustrada do prefeito afastado pela Justiça Eugênio Pinto e do vereador Lucinho de Santanense, em 2010, onde fomos defendidos pelo doutor Lincoln Guimarães Melo e foram eles que acabaram nos ressarcindo.

     Portanto, afirmar que recebe milhares de acessos por dia e montar “provas” disso é muito fácil com tecnologia de hoje; difícil é fazer um jornalismo original, com identidade e desprendimento, que não vive apenas para malhar ou adular políticos e outros mandatários locais, mas para transpirar à tona assuntos do verdadeiro interesse público, doa a quem doer, seja na esfera municipal, estadual, nacional, ou mundial.

     Este é para nós um momento de reflexão, no qual agradecemos (e nem teria coragem de tentar citar nomes, vocês sabem quem são) a centenas de pessoas que colaboraram de alguma maneira ou ainda colaboram com Via Fanzine nestas duas décadas. Pela nossa isenção e desatrelo as “negociatas” que muitas agências de publicidades e veículos de comunicação, aliados a políticos irresponsáveis fazem com dinheiro público em nossa cidade e Estado, temos orgulho de afirmar que produzimos o verdadeiro diário itaunense.

    E posso encher a boca pra dizer: sem depender de um tostão de dinheiro público para nos mantermos, somos aquele que leva mais longe o nome de Itaúna no mundo. E, obviamente, o veículo de comunicação que mais traz para Itaúna informações das mais distantes plagas, inclusive as que estão bem além do nosso pequeno mundinho...

     Por isso, nós da rede de portais ZINESFERA, que agrega todo o trabalho desenvolvido por Via Fanzine, estamos imensamente gratos aos leitores que repassam nossos links por e-mail, nas redes sociais e de tantas outras formas que difundem o nosso trabalho.

     No entanto, o grande retorno recebido  não pode ser pago com dinheiro nenhum: é o encontro que proporcionamos a tantas pessoas que se conheceram e cultivam laços de amizade a partir do nosso trabalho. É poder ver nossos textos acrescentar aos leitores e saltar daqui para diversos sites e blogs de todo o mundo e até mesmo em questões de vestibular e no meio acadêmico.

     Assim, enfim, me perdoem pelo ar de desabafo e parabéns, a toda família Fanzine espalhada pelo mundo e que nos venham muitos outros anos de vida!


Pepe Chaves

Pepe Chaves

editor
www.viafanzine.jor.br
pepechaves@gmail.com
07/04/2014









TV Fanzine - Os Muros Perdidos de Minas Gerais





sexta-feira, 4 de abril de 2014

Curto Circuito - "Ditadura" - Video 4


Uma franquia Pindorâmica:







Nota do Blog:
Uma abordagem notável, que nos remete em 16 minutos,
50 anos de uma história dura de se ouvir,
numa linguagem simples,
inteligente, didática,
incisiva e madura.






*Ives Pierini é professor de história, musico e arranjador, compositor, animador cultural e produtor de trilhas sonoras. É um dos membros fundadores da Banda Black Dog Brazil e pensador nato. Primeiro vídeo de uma série que abordará fatos cotidiano e do cenário politico-social da cidade, do país e do mundo com inteligência, embsamento e muito bom humor. Neste ano de eleições, será de suma importância e uma dor de cabeça a mais para a Côrte.
Apoio deste blog,  Politica & Afins e do Arte Vital Blog.





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terça-feira, 1 de abril de 2014

A Revolução dos Cretinos Part I - O Golpe



O Golpe de 1964 revestido de intervenções da CIA, trogloditas fardados e civis traidores

    Por Antonio Siqueira



A revolução dos canalhas
     


















     Eu ainda não havia nascido nos dias 31 de Março e 1º de Abril de 1964. Sou de 1968, nasci no outubro negro, exatamente nos dias que precederam o plano macabro do Brigadeiro João Paulo Burnier. Ele pretendia explodir o gasômetro no Centro do Rio de Janeiro no horário do Rush para jogar a culpa nos comunistas, graças ao saudoso capitão Sergio, as coisas tomaram outro rumo. Não foi fácil nascer nesta atmosfera de terrorismo de estado, como não foi menos tranquilo viver a infância sob o crivo dos pavões generais nos anos 1970. O que me atrevo escrever nestas linhas tristes é, muito mais do que pesquisado em livros, muito além dos “contadores de histórias mirabolantes”: É o que ouvi pessoalmente de familiares que viveram esses eventos, alguns até personagens ocultos de certa importância, cidadãos, pessoas comuns e massacradas por esta era de tirania, desrespeito e violência sangrenta contra a sociedade civil brasileira. Fora o emburrecimento coletivo e o empobrecimento estético que os militares hidrófobos nos deixaram como legado infame.


      Muitos insistem ter sido ontem a passagem dos 50 anos do golpe de 1964, data em que o general Olympio Mourão, com suas tropas nem tão numerosas assim, começou a descer a serra de Petrópolis, saindo de Juiz de Fora e chegando ao Rio para depor o presidente João Goulart. Para outros, o dia certo foi 1º de abril, quando contingentes bem maiores do Exército deixaram os quartéis da Vila Militar para enfrentar os rebeldes e, diante deles,  sem disparar um tiro, decidiram aderir e transformaram o movimento num desfile militar logo apoiado por contingentes de São Paulo, Pernambuco e, ao final, Rio Grande do Sul. Os golpes dentro do golpe começaram naquele dia, pois se era uma ação pérfida e vitoriosa, daquelas comuns na História, parecia natural que o general comandante da rebelião assumisse o poder, diante da fuga do presidente constitucional. Convenhamos que o Golpe mesmo, começou em 1961, quando a CIA ‘cochichou’ no ouvido do bêbado inveterado, Jânio Quadros, que era hora de dar o fora, ou iriam "suicida-lo". Mas isso é assunto para mais adiante.






A tomada



















        Ledo engano do general Mourão, porque no Rio conspiradores que não tiveram coragem para deflagrar o movimento logo decidiram empalmar o poder. O ministro do Exército, Jair Dantas Ribeiro,  encontrava-se internado no Hospital Central, vítima de enfermidade que logo o levaria desta vida. Diante da confusão, o mais antigo dos generais, Costa e Silva, que naqueles dias comandava uma escrivaninha, sem tropa alguma, num gesto de audácia ocupa o gabinete do ministro e declara-se chefe do movimento revolucionário. Havia conspirado, é claro, mas como muitos outros. Diante do fato consumado e com o apoio da Marinha e da Aeronáutica, intitulam-se Comando Supremo da Revolução e assumem o poder. Outros generais, como Castello Branco, Cordeiro de Farias, Juarez Távora, Ernesto Geisel e Golbery do Couto Silva discordam, mas nada podem fazer, pois também careciam de tropa. A primeira iniciativa seria conter Mourão Filho, já às portas do Rio, na Avenida Brasil.



       Determinam, e ele aceita, que em vez de prosseguir e tomar a sede do ministério do Exército, na Central do Brasil, rumasse com seus soldados para o estádio do Maracanã, onde receberiam alimentação e hospedagem. Ele aceita, ficando depois satisfeito com a oferta de que seria nomeado presidente da Petrobrás. Nem isso foi, limitando-se a dizer que não era político, mas “uma vaca fardada”. Costa e Silva detinha o poder e pretendia mantê-lo, apesar da resistência de Castello Branco e outros generais ditos intelectualizados, mas coube a ele convocar o jurista Francisco Campos, autor da Constituição fascista de 1937, para que editasse um ato revolucionário capaz de suplantar a Constituição vigente de 1946, “legalizando” o golpe.



A  Marcha da Família com Deus e o Diabo na Terra dos Canalhas












     
   

     Nas ruas, mulheres, empresários, padres, estudantes de direita, empunharam rosários e bandeirinhas do Brasil na mão, sob o lema “Família que reza unida, permanece unida”, realizaram entre 19 de março a 8 de junho de 1964, 49 marchas pelo país. As marchas antes do golpe militar de 31 de março, eram chamadas de Marchas da Família com Deus, depois do golpe passaram a chamar Marcha da Vitória.

     Com exceção do jornal Última Hora, todos os grandes jornais do país apoiaram o golpe militar. Quando consumado a queda do governo, somente o movimento estudantil, alguns sindicatos, alguma tropa do Rio Grande do Sul, pequenos setores da ala esquerda das forças armadas e os partidos comunistas clandestinos, rebelaram-se contra o golpe. O restante da nação aplaudiu e agradeceu aos militares por salvá-los do perigo vermelho. Desde os tempos áureos do Macartismo, uma campanha feroz de caça aos comunistas norte-americana, criada e liderada pelo Senador Joseph Raymond McCarthy, em terras brasileiras, cria-se no folclore de que comunistas eram canibais e comiam crianças por algum motivo obscuramente macabro que os meus avós não conseguiram me explicar.




Mulheres que Marcharam a Favor do Golpe Militar

     A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que reuniu 1 milhão de pessoas na Candelária, Rio de Janeiro, no dia 2 de abril de 1964, recebeu os militares vindos de Minas Gerais, como heróis e salvadores. Esta marcha, que se passou a chamar a Marcha da Vitória, chancelou o golpe militar. Era a representação da família, da igreja, do povo brasileiro, que no ato se mostrava feliz e grato aos golpistas.
Diante do sucesso das marchas, no dia 13 de maio, pouco mais de um mês após o golpe de estado, aconteceu na sede dos Diários Associados, na rua 7 de Abril, no centro de São Paulo, uma cerimônia empreendida por Assis Chateaubriand, que lançava uma campanha nos jornais, rádios e tevês, chamada de Ouro para o Bem do Brasil. A campanha convencia o povo a ajudar o novo governo, com doações de ouro, através de alianças, anéis, pulseiras, colares e outros objetos. O Rotary Club aderiu à campanha, promovendo por várias cidades do Brasil a Semana Cívica do Ouro. O governador Adhemar de Barros doou o seu salário de 400.000 mil cruzeiros. A indústria automobilística doou veículos, empresários contribuíram com cheques, que chegaram a milhões. 100 mil pessoas doaram 400 quilos de ouro e meio bilhão de cruzeiros, em duas semanas. Quem fazia a doação, recebia uma aliança de latão com a inscrição: Doei ouro para o bem do Brasil. O valor real arrecadado jamais foi revelado, tampouco o destino que as joias levaram.

    Das mães que marcharam pelas ruas do Brasil, saudando o golpe militar, ou daquelas que doaram joias para a construção de um Brasil livre do perigo vermelho, muitas foram as que, anos depois, saíram das suas casas à procura dos filhos desaparecidos e mortos, tragados pela repressão militar. Segundo dados estatísticos, a maioria dos jovens que se rebelaram contra a ditadura, era oriunda de uma classe média abastada, que se beneficiara economicamente com o novo regime. Benefício que lhes custaram caro, o arrependimento eterno.


Lacerda, JK e os embrionários da patifaria.

No legends
















     Parlamentares cassados, os que sobraram cumpriram a ordem, mas outro problema surgia: a Constituição determinava que chefes do estado-maior das forças armadas, para candidatar-se a postos eletivos, deveriam desincompatibilizar-se seis meses antes as eleições. Castello ainda era chefe do estado-maior do Exército. Assim, era inelegível. Imediatamente acrescentou-se um artigo ao Ato Institucional: “para as próximas eleições, não haverá incompatibilidades”… Castello Branco seria o primeiro presidente militar e o pé na porta para os próximos 21 anos de Chumbo!

     Estava consolidado o golpe militar, que implantaria uma das mais sangrentas ditaduras da história, e a maior que o Brasil já teve. Estender-se-ia de 1964 a 1985. Os pilares dessa ditadura foram construídos pela ambição de três governadores de estados brasileiros e um ex-presidente: Adhemar de Barros, governador de São Paulo, Magalhães Pinto, governador de Minas Gerais, e Carlos Lacerda, governador do então estado da Guanabara (incorporado ao estado do Rio de Janeiro em 1974) e Juscelino Kubitschek, presidente do país de 1955 à 1960 e criador do monstro chamado Brasília. Ambicionando a presidência da República, quatro homens apoiaram o golpe, desencadeando um clima político no país para que ele fosse executado.

     JK, naturalmente, era figura-chave do PSD. Mantivera postura escorregadia no curso do golpe contra Jango, que fora seu vice (e em seguida de Jânio, até ele próprio assumir, em 1961), proferindo a célebre frase: “Estou onde sempre estive ao lado da liberdade e da democracia”. Conhecia Castello Branco. Mais que isso: por indicação e insistência de um amigo de Castello, Augusto Frederico Schmidt, poeta, intelectual e assessor pessoal de Juscelino quando presidente, fora exatamente JK quem havia promovido, em 1958, o agora marechal a general de divisão.

Um diálogo curto, porém revelador:

– Então, presidente, estou aprovado para a Presidência?

JK respondeu:

– Perfeitamente, general, e com o nosso apoio.

Juscelino cumpriu o compromisso. Os militares, temerosos de sua popularidade, não. Seu mandato de senador seria cassado dois meses depois, a 8 de junho daquele 1964, e os direitos políticos suspensos por 10 anos.

Vendo aproximar-se a degola, o ex-presidente proferiu seu último e enérgico discurso no Senado cinco dias antes, a 3 de junho de 1964.

Alertando que a nação vivia “sob os efeitos do terror” e declarando-se “vítima preferida da sanha liberticida” do regime, disse JK:  “Sinto uma perfeita correlação entre minha ação presidencial e a iníqua perseguição que me estão movendo”. Tarde demais...já havia entrado tudo!



As "Putas Arrependidas" do Golpe Militar

     Carlos Lacerda, em 1939, passou de fervoroso comunista a um inimigo implacável das esquerdas e das causas populares. Conhecido como corvo conspirador, conspirou contra Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart. Sua índole incendiária aspirava à presidência da República. Quando se apercebeu que o governo dos militares não se faria provisório, e manter-se-ia no poder por um longo tempo, rebelou-se, o que resultou nos seus direitos políticos cassados pelo governo militar. Em 1967, Carlos Lacerda, o maior inimigo do governo João Goulart, surpreendentemente, aliou-se ao presidente deposto e a Juscelino Kubitschek, formando a Frente Ampla, para assim, restituir as eleições diretas no país. A Frente Ampla foi sufocada pela repressão do regime. Quando morreu, em 1977, Carlos Lacerda era o maior arrependido dos apoiadores do golpe de estado de 1964.

     Adhemar de Barros, governador de São Paulo, falso puritano, trajava-se de defensor da moral e dos bons costumes, cinicamente incentivava o bordão “Rouba, mas faz”. Também ele ambicionava a presidência do país. Ao sentir-se traído pelos militares, em março de 1966, exigiu a renúncia do presidente Castelo Branco, lançando um manifesto a exigir a restauração da democracia. O manifesto resultou na cassação do seu mandato, tendo os direitos políticos suspensos por 10 anos. Ameaçado de prisão, Adhemar de Barros, um dos maiores apoiadores do golpe de 1964, partiu para o exílio, a 7 de junho de 1966. Morreu em Paris, em 1969, deixando com a amante, a famosa “Caixinha do Adhemar”, um cofre com 2.600.000 dólares dentro, produto do dinheiro público do povo paulista. Este mesmo cofre foi roubado de amante, após a sua morte, por guerrilheiros que resistiam ao regime militar, em 18 de julho de 1969. Estes, meus senhores, são As "Putas Traídas e Arrependidas" do Golpe Militar. Histórias macabras de gente muito sinistra que passou por aqui. Eu volto...