quinta-feira, 18 de maio de 2017

No Brasil A Lei de Talião da Política é impiedosa.

Por Antonio Siqueira - Do Rio de Janeiro 👇




Temer emporcalha definitivamente a sua imagem. Deve renunciar.
















Seja qual for o desfecho da delação praticada pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS e da Friboi, uma coisa é certa: o governo Michel Temer explodiu e o presidente da República flutua no espaço vazio. Foi uma bomba no cenário político do país porque revelou – reportagem de Lauro Jardim e Guilherme Amado na edição de O Globo online – a existência de filme e gravação mostrando a concordância de Temer com operação de suborno para assegurar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha quanto ao envolvimento do presidente da República no esquema desvendado pela Operação Lava-Jato.

O filme apresenta até a numeração das notas dos pacotes de dinheiro utilizados na sequência dos obscuros entendimentos com a participação do Palácio do Planalto. Nos pacotes foram colocados chips para assegurar a exibição dos conteúdos. A posição do presidente Michel Temer, ao aceitar a realização da Operação Eduardo Cunha, tornou-se automaticamente insustentável. Perdeu as condições de permanecer presidindo o país.

Temer também ouviu do empresário que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Diante da informação, Temer incentivou: “Tem que manter isso, viu?”.

Além de Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) também foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley. O dinheiro foi entregue a um primo do presidente do PSDB, numa cena devidamente filmada pela Polícia Federal. A PF rastreou o caminho dos reais. Descobriu que eles foram depositados numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).

A repercussão do furo jornalístico de Lauro Jardim e Guilherme Amado foi imediata na Câmara e no Senado. Os deputados da Oposição se apressaram em pedir o impeachment de Michel Temer. O presidente Rodrigo Maia se esforçava, mas não conseguia conter os ânimos, até porque não tem carisma e não merece respeito. Apressou-se em dar a volta na Praça de carro para se dirigir ao Palácio do Planalto e pedir instruções a Temer, que estava quase tendo um enfarte e não sabia o que fazer. Os  ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) estavam tão abalados quanto Temer, porque sabem que o presidente será inevitavelmente afastado e eles perderão o foro privilegiado. E assim as reformas da Previdência e das leis trabalhistas foram literalmente para a cucuia.

A política é algo imprevisível. E como dizia o historiador Hélio Silva, a história não espera o amanhecer. O Brasil acordou na quarta-feira com um panorama de rotina.  Vai acordar nesta quinta-feira com uma outra realidade, dentro de uma sequência extremamente crítica. Assim se descreve os imprevistos do acontecer. Piada de humor negro – Mantega agora não pode dizer que a mulher está sendo operada, porque no caso das propinas ele próprio era o operador.

Vergonha, a palavra de um momento delicado, incauto, sem sentido...O Brasil sangra. Se Temer ainda tiver um mínimo de juízo, tem de renunciar logo ao mandato e se livrar do sofrimento de um inevitável processo de impeachment, que levará entre quatro e seis meses. Aos 76 anos, já deu o que tinha de dar, precisa voltar para casa, educar o filho pequeno, para que se torne um homem de bem e não repita seus erros, e ser consolado pela esposa, que é recatada e do lar. É mais prudente que Temer se recolha à sua insignificância pelo resto de seus dias. Os brutos também amam e assim caminha a humanidade. 

Joesley Batista entregou à Procuradoria-Geral da República uma gravação que piora de forma descomunal a tempestade que já cai sobre a cabeça de Aécio Neves (PSDB-MG). No áudio, o presidente do PSDB surge pedindo nada menos que R$ 2 milhões ao empresário, sob a justificativa de que precisava da quantia para pagar despesas com sua defesa na Lava-Jato. O diálogo gravado durou cerca de 30 minutos. Aécio e Joesley se encontraram no dia 24 de março no Hotel Unique, em São Paulo. Quando Aécio citou o nome de Alberto Toron, como o criminalista que o defenderia, não pegou o dono da JBS de surpresa. A menção ao advogado já havia sido feita pela irmã e braço-direito do senador, Andréa Neves. Foi ela a responsável pela primeira abordagem ao empresário, por telefone e via WhatsApp (as trocas de mensagens estão com os procuradores). As investigações, contudo, mostrariam para a PGR que esse não era o verdadeiro objetivo de Aécio. O estranho pedido de ajuda foi aceito. O empresário quis saber, então, quem seria o responsável por pegar as malas. Deu-se, então, o seguinte diálogo, chocante pela desfaçatez com que Aécio trata o tema:

Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança — propôs Joesley.

Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho — respondeu Aécio.

O presidente do PSDB indicou um primo, Frederico Pacheco de Medeiros, para receber o dinheiro. Fred, como é conhecido, foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014. Tocava a área de logística. Aécio, que já nasceu rico, joga na lama a memória de seu avô Tancredo Neves e de seu pai, o ex-deputado Aécio Cunha, dois homens ricos e simples, que jamais se mostraram adoradores do deus Dinheiro. Aécio recebeu o legado dos votos, mas não herdou a dignidade da família Neves. Sua mãe, Inês Maria Neves Faria, ficou viúva do banqueiro Gilberto Faria, é uma das mulheres mais ricas do país. Mas é Aécio é como seu contraparente Sérgio Cabral, que se casou com Susana Neves e entrou para a política sob as benções da família de Tancredo. Aécio e Cabral são dois grandes amigos e agora têm um encontro marcado na cadeia. E o pior é que se comprova a ligação com a famiglia Perrela, envolvida no estranho caso do helicóptero carregado de cocaína, que não deu em nada, apenas o piloto foi processado. Ainda há quem acuse a Lava Jato de só incriminar/perseguir os petistas… O fato concreto é que a fila está andando, já entrou na esfera estadual e o Judiciário não perde por esperar. Diante dessa barbaridade, que deixa o verdadeiro Temer desnudado em público, se o TSE evitar a cassação dele, separando as contas das chapas, é melhor fechar para balanço.

Pode até não sofrer impeachment, embora seja este o seu caso, vista sua participação seja pelo ângulo político seja pelo ângulo jurídico. Pode escapar do impedimento, mas não escapará de si mesmo. Já nem é caso de impeachment, terá mesmo de renunciar. Não pode mais permanecer na presidência do país. Perdeu as condições básicas para isso. Tornou-se réu perante a opinião pública de um processo de corrupção no qual deixou nítida sua participação. Basta lembrar que o ex-deputado Eduardo Cunha encontra-se na carceragem de Curitiba, condenado pela Operação Lava-Jato e com a cassação de seu mandato confirmada por 90% dos integrantes da Câmara. Votaram a favor de sua cassação 450 deputados federais.

Quem com ferro fere...No Brasil A Lei de Talião da Política é impiedosa.



3 comentários:

  1. Como disseram hoje..."Quem descobriu o Brasil,cobre de novo,pois estamos passando vergonha"
    Cômico se não fosse trágico. Realmente,quando tudo parece tranquilo,eis que surge um Tissunami. E nós,"pobres mortais", sofreremos as consequências.Esperança? Bem,é a última que morre,ou seria melhor,apaga a luz?

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    1. Marcinha, os vazamentos divulgados hoje dão um ponto final no governo Temer, no PSDB e desmoralizam totalmente o impeachment.

      O argumento por eleições gerais ganha uma força prodigiosa.

      A nova crise instalada cria um novo dilema: judiciário e Globo terão condições de governar o país sem a participação do povo?

      Não!

      Novas eleições...para ontem!

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  2. Delação devastadora!

    V>B>C

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